Nosso dinheiro pelo ralo...
Jornal Diário Popular , domingo 24 de outubro de 1999
Você e todos os paulistas ganharam uma oportunidade para saber se o Banespa e outras estatais paulistas têm mesmo um “rombo”, como estão sendo privatizadas – e, principalmente, avaliar se o nosso dinheiro não está indo pelo ralo nessas vendas...
A Receita Federal, como você viu, aplicou uma multa de R$ 2,8 bilhões no Banespa, que já está sendo administrado por interventores do governo federal, há quase cinco anos. Motivo da punição: falsificação de balanços, para inventar prejuízos inexistentes, reduzir lucros, o que reduziu também o Imposto de Renda. Então, veja bem: a sociedade somente soube que o “rombo” do Banespa é falsificado porque a Receita Federal pôs a boca no trombone, para cobrar o IR sonegado. Sem isso, as manobras continuariam escondidas, não chegariam ao conhecimento dos paulistas –porque o próprio Mário Covas silenciou diante delas, embora elas representem prejuízos de bilhões de reais para o Estado.
Isto é, prejuízos de bilhões de reais para os cidadãos desse Estado, trabalhadores, classe média, empresários, agricultores – que são os verdadeiros donos do Banespa (lembre-se disto: o governo do Estado, assim como da União ou do Município, é apenas o “gerente” das estatais e dos demais negócios, que na verdade pertencem a nós todos cidadãos/contribuintes).
Agora, atenção: não foi apenas essa manobra, de falsificação, que a punição da Receita Federal revelou. Como assim? Veja o motivo da multa: com o apoio do governo Covas, os interventores decidiram fazer uma “reserva” de nada menos de R$ 3 bilhões (com “b”), lançada nos balanços do Banespa, criando assim, prejuízos e o “rombo”. Qual o objetivo da reserva? O Banespa, como outras estatais (e grandes empresas privadas), tem um fundo de pensão, espécie de INSS especial, para o qual funcionários também contribuem todo mês. Cálculos feitos por encomenda dos interventores mostraram que, nos próximos anos, o fundo de pensão poderia ter despesas – como aposentadorias e outros benefícios aos funcionários – que poderiam ser maiores do que o valor das contribuições recebidas (ao longo dos próximos anos). Isto é, haveria um “rombo” no fundo de pensão, avaliado naqueles R$ 3 bilhões, e que deveria ser pago, em parte, pelo próprio banco – ao longo de muitos anos, note-se. Ou seja, quando o banco fosse privatizado, essas despesas sairiam dos lucros dos novos “donos”. Qual foi a “manobra” do governo FHC em conluio com o governo Covas? Todas as despesas previstas (para o futuro), é bom observar, já tiveram o pagamento garantido com tal “reserva” – isto é, R$ 3 bilhões, que reduziram não só o valor pelo qual o Banespa deve ser vendido (dinheiro nosso pelo ralo), como também os lucros que cabiam Estado (nosso dinheiro). Também em São Paulo, as privatizações têm sido assim: o Estado, os paulistas “engolem” as dívidas. Os grupos “compradores” recebem patrimônios coletivos a preço de banana, com lucros garantidos. Nosso bilhões vão para o ralo ou para o bolso de poucos.   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 18/04/2023
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