Defensor da reforma da previdência, presidente do Santander se aposenta aos 58 anos-02 de fevereiro de 2019
Habitual defensor da implantação de mudanças na Previdência que irão dificultar aos trabalhadores o direito à aposentadoria, o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, disse que se aposentou pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) neste mês, aos 58 anos de idade.
“Eu estou aposentado. Me aposentei, a partir de janeiro. Eu faço parte desse grupo que não ajuda [a reduzir] o déficit”, afirmou a jornalistas nesta quarta-feira 30, segundo divulgou a Folha de S. Paulo.
De acordo com o jornal, Rial recebeu R$ 30 milhões em remuneração em 2017.
Nesta quarta, o executivo afirmou que as novas regras para a aposentadoria devem contribuir para o crescimento sustentado do país nos próximos anos.
“Sérgio Rial defende mudanças que resultarão em dificuldades ou até impossibilitarão os trabalhadores de se aposentarem, mas abrirão um imenso mercado de planos de previdência privada comercializados pelos bancos, como o Santander. É a completa tradução do oportunismo”, protesta Marcelo Gonçalves, funcionário no Santander e dirigente sindical do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“Essa reforma irá aumentar a já brutal e violenta desigualdade social e econômica no Brasil. O justo seria que todos os brasileiros tivessem o direito a uma pensão pública, dentro das regras atuais, após uma dura vida de trabalho, assim como Rial teve direito”, defende o dirigente.
Déficit: calote e sonegação das empresas e o peso do rombo no lombo do povo (vide em www.afubesp.org.br/noticias)
Segundo especialistas, o sistema previdenciário urbano era superavitário até 2015, mas passou a operar em déficit a partir do ano seguinte por causa da crise econômica que levou milhões de trabalhadores a perderem o emprego.
Como determina a Constituição Federal de 1988, o sistema previdenciário atual é sustentado por contribuições dos trabalhadores da ativa, governo e empregadores.
Mas o governo destina grande parte dos recursos que deveriam financiar a Previdência para outros fins, como o pagamento da dívida pública – da qual os bancos são grandes detentores dos títulos dessa dívida.
Já o setor empresarial é frequentemente favorecido por isenções fiscais, além de perdão ou calote de dívidas – somente o Santander deve 80 milhões à Previdência e é um dos 500 maiores devedores do INSS, segundo a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Ou ainda se valem da sonegação fiscal. Segundo estudiosos do tema, esse cenário contribui para o rombo do sistema.
“Ou seja, apenas os trabalhadores arcam rigorosamente com o sistema previdenciário, mas serão injustamente os mais prejudicados com a reforma da Previdência”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Na terça-feira 29, o governo federal divulgou que o déficit da Previdência pública cresceu 3% em 2018 e atingiu R$ 195,2 bilhões. O déficit tem sido a principal justificativa para uma reforma da Previdência, da qual Rial é defensor.
Pelas propostas em discussão no governo, a idade mínima para aposentadoria será obrigatória e homens só poderão receber o benefício a partir dos 65 anos de idade. As mulheres terão direito ao benefício com 62 ou 65 anos de idade. A aposentadoria por tempo de contribuição deixaria de existir.   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 07/02/2019
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