| Reforma estatutária do Banesprev:
Não aceitamos nenhum direito a menos
Os participantes ativos e assistidos (aposentados) do Banesprev não aceitam a reforma estatutária do que jeito que ela foi proposta pelo Santander e estão unidos e mobilizados neste sentido. Este foi o recado dado à direção do banco no ato realizado na quarta-feira, 8, na Torre Santander.
Coordenado pelo presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, o evento – convocado e organizado pela Afubesp, Sindicatos, Federações, Contraf-CUT e Comissão Nacional dos Aposentados do Banespa (CNAB) atendendo à deliberação da Assembleia sobre o assunto - contou com a presença de cerca de 400 pessoas vindas de diversas partes do país e dirigentes sindicais da COE – Comissão Nacional de Organização dos Empregados do Santander -, que não se intimidaram pelo forte sol e calor do meio dia.
Para começar, o presidente da Afubesp traçou um histórico da luta, que já completou uma década em defesa do Banesprev. As idas e vindas a Brasília para conversar com a Previc conseguiu barrar as investidas do Santander contra a sétima vaga no Conselho Deliberativo, pertencente à Direp, e mais recentemente, a explanação da representação fez a autarquia entender a importância da assembleia, levando-a suspender um ofício que pedia sua extinção.
“Quando este ofício foi expedido, nós da Afubesp e do Sindicato dos Bancários e outros eleitos do fundo, fomos conversar com o superintendente de Previdência Complementar, em Brasília, para explicar o que isso significaria para o Fundo. Eles tinham um entendimento de que a assembleia não era de participantes. Achavam que ela era da patrocinadora, portanto não poderia haver uma ingerência da patrocinadora por meio de uma assembleia. Eles entendiam que o Diretor Representante que fazia parte do Conselho Deliberativo era um diretor da patrocinadora, e não um eleito dos trabalhadores. Conseguimos esclarecer isso e, entendendo nossas colocações, suspenderam o ofício que determinava essas exclusões”, contou Fernandes aos presentes na manifestação.
Ele ainda disse: “Não estamos querendo nada a mais. Só queremos manter o que já temos hoje. Reivindicamos o nosso direito de tomar conta, fazer a gestão daquilo que é nosso, que é o futuro das nossas complementações. Não pedimos para aumentar nossa representatividade, queremos manter aquilo que foi definido na criação do Banesprev, para evitar que o banco tenha total poder".
Em seguida, o diretor da Afubesp e integrante da CNAB, Oliver Simioni, mandou seu recado ao banco: “direito não se acha na lata do lixo e o Santander tem que saber disso e saber também que o Banesprev não é uma carteira de previdência complementar virada para o mercado, que já tem um contrato das condições para estar naquela carteira. O Santander que fique no lugar dele, e, se preciso for, vamos à Justiça.”
Outras denúncias
Vários dirigentes sindicais falaram aos participantes do ato e também para os funcionários do banco que saiam para o almoço. Entre eles, Mario Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT e representante da Confederação na COE do Santander.
Para ele, a manifestação foi uma demonstração de força em defesa do Banesprev e também um espaço para denunciar a postura do Santander com os seus trabalhadores da ativa. "Os bancários sofrem dia a dia com o aumento de pressão nas agências. O banco suga cada vez mais o trabalhador que se esforça para conseguir garantir o lucro pra empresa, lucro esse que não é distribuído para seus funcionários. O lucro que ele também se nega a pagar para aposentados, aqueles R$ 3.500 conquistados na greve pelos funcionários e não repassados para os aposentados que seguem a categoria, e portanto, têm direito", denunciou o Raia.
A vice-presidente da Afubesp e diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa, falou ainda sobre as demissões imotivadas no Santander, que não acontecem na Espanha, por exemplo. "Não somos trabalhadores de segunda categoria, tanto que o Brasil hoje é responsável por 21% do lucro obtido pela instituição. Queremos os mesmos direitos dos trabalhadores espanhóis", reivindicou a dirigente.
Na oportunidade, também foram comentados os números impressionantes obtidos pelo banco no Brasil em 2016. Lucro de R$ 7,3 bilhões, que indica crescimento de 10,8% em relação ao ano anterior. Este resultado coloca as operações brasileiras na liderança global do grupo espanhol. Apesar disso, o banco encerrou o ano de 2016 com 47.254 empregados, uma redução de 2.770 postos de trabalho em relação a 2015. Foram fechadas 8 agências nesse período, enquanto o número de clientes cresceu em 1,9 milhão.
Próximos passos
Mesmo com o NÃO da assembleia, o Conselho Deliberativo deliberou - com voto contrário dos eleitos - por encaminhar a proposta de reforma estatutária para ser contemplada pela Previc, com todos os ítens que apresentam os riscos à governança e transparência do Banesprev.
“Como recusamos a proposta em assembleia, o banco não poderia levar esta proposta adiante”, comenta o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, que participou como conselheiro deliberativo eleito efetivo da última reunião do colegiado realizada no dia 7. “Mas, como o Santander tem a maioria no Conselho, ele aprovou o encaminhamento da proposta de reforma para a Previc, mas com todos os documentos – ata, ressalvas dos participantes, fotos e a gravação em DVD – atendendo a um pedido nosso”.
>>> Leia mais sobre a última reunião do Conselho Deliberativo
"Aguardamos um posicionamento da Previc, com a convicção de não aceitar nenhum direito a menos, nem que tenhamos que recorrer à justiça", conclui Fernandes.
Texto: Érika Soares - Afubesp   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 10/02/2017
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