Eu gosto de contar fatos ocorridos durante os meus 30 anos trabalhados no Banespa, quando tive oportunidade de conhecer colegas diferentes, como o LUIZ RUBEM FERREIRA CLAUZET. Em 1971, quando recebi a minha primeira promoção na ADGER, para o cargo de Subchefe de Seção Adjunto, fui deslocado para trabalhar no Deseg-Expedição. Nessa seção travei conhecimento com o Clauzet (pronuncia-se Clozé), e após algum tempo de convivência, soube que o colega, grande esportista, tinha se distinguido como halterofilista, em sua juventude, sagrando-se bicampeão paulista em sua categoria de peso. Além disso, também era faixa preta quarto Dan no Judô. O nosso chefe, Sr. Douglas Kohn, advertia que para enfrentar o Clauzet, se este se zangasse, seria bom ter uma submetralhadora nas mãos para intimidá-lo!! No entanto, a Natureza, felizmente, é sábia, pois o nosso personagem era afável e extremamente ponderado. Como escriturário, trabalhando meio período, pela manhã, dedicava-se à tarde ao seu escritório de Advocacia. Seus "melhores" clientes era os humildes estafetas e funcionários contínuos da seção, muitas vezes enrascados nas mãos de agiotas, bancos e processos judiciais. Ele certa vez me informou que ao final dessas pendências resolvidas, recebia, quase sempre, como remuneração um "muito obrigado e que Deus lhe pague"! Em 1973 fui selecionado e removido para o Deint-Depto.Internacional, perdendo o contato, por alguns anos com o Clauzet. Posteriormente, durante a década 1980, ele também seria transferido para o Deint. Em 1988, com o nosso País quase na bancarrota, devendo para mais de 800 bancos internacionais, nós, administradores de agências brasileiras no exterior, tínhamos imensa dificuldade para renegociar os empréstimos tomados junto a esses bancos credores estrangeiros, pagando taxas cada vez mais elevadas, quando conseguíamos. Por ocasião das férias do colega gerente da agência Paris, onde eu desempenhava o cargo de Subgerente de Operações, a Chefia do Deint deslocou o Clauzet, o qual, com o seu pleno conhecimento da língua francesa, foi de grande valia na ocasião, exercendo a função de Subgerente Administrativo provisório na Agência. Certo dia ele quis comprar algumas garrafas de vinho "nacional" para trazer ao Brasil e eu acompanhei-o até um empório nas cercanias da Agência. Que surpresa! Exposta na prateleira tinha uma garrafa de vinho tinto bordô CHATEAU CLAUZET!! Indagando o gerente do local, ele explicou-nos que o vinho era um Saint- Estèphe, produzido na cidade homônima, que distava aprox. 1000km de Paris, ida e volta. Resolvemos visitar o château no sábado daquela mesma semana, sendo que passei no hotel onde o colega estava hospedado às 5 horas da manhã, pois era grande a distância a ser percorrida. Chegando ao château fomos bem recebidos pelo proprietário, que nos mostrou as adegas subterrâneas onde eram armazenadas as garrafas do vinho. O Clauzet mostrou o seu passaporte onde constava o nome da família e, indagado, o proprietário lembrou-se apenas que a propriedade tinha sido adquirida por seus antepassados antes da 2a. Guerra Mundial. Ofertou duas garrafas do vinho a cada um, e agradecemos com um "Dieu vous bénisse" (Deus te abençoe). Retornando ao Brasil, o Clauzet começou a investigar, junto a parentes homônimos, a origem da família no Brasil. Contou-me que o seu avô paterno, engenheiro frances de grandes obras, tinha sido contratado por empresa brasileira no início do sec. XX, casou-se com uma conterrânea e fincou raízes no Brasil. Não chegou a conhecê-lo, pois constava que o mesmo havia falecido prematuramente e o seu pai raramente falava a respeito da origem da família. Após aposentar-se, passou a ministrar aulas de Tai Chi Chuan, a diversas turmas, no Jardim Ibirapuera/SP. O amigo Clauzet faleceu em 2012. Saúde e Paz a todos.   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 28/02/2016
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