Mais uma ocorrência por mim vivida, no ano de 1970, quando funcionário da ativa, e trabalhando no setor de "Créditos em Liquidação", na Matriz do nosso sempre lembrado empregador: o BANESPA. Quando algum colega desse setor não lograva êxito em seu trabalho, que objetivava principalmente, ainda na fase de cobrança administrativa, negociar com os clientes inadimplentes para que oferecessem algo concreto para liquidação ou amortização dos seus débitos, "trocávamos figurinha" como dizíamos, ao repassarmos o caso para outro colega que talvez tivesse melhor sorte nesse mister. Em uma dessas situações, recebi o encargo de contatar/cobrar um senhor judeu dono de uma empresa de confecção situada no bairro da Mooca. O colega me advertiu que o devedor tinha uma imensa barba ruiva, e que esses negociantes tinham a fama de conseguir levar vantagem diante dos patr ícios de barba negra, e, brincando, completou que eram os únicos no mundo que conseguiam tirar as meias sem tirar os sapatos! Dirigi-me no mesmo dia ao endereço indicado, em uma última tentativa, pois o assunto já estava para ser encaminhado à Assessoria Jurídica para a devida cobrança . Apresentei-me na recepção da firma e "tomei um chá de cadeira" de mais de uma hora até ser atendido pelo empresário. Mal falei boa tarde e o mesmo começou a desfiar uma ladainha com uma sucessão de desgraças que tinham se abatido sobre ele e a sua empresa, que lembrei-me, imediatamente do Jó bíblico. Entre outras coisas disse que o mercado estava parado, sem recursos e que os seus clientes devedores não estavam honrando seus compromissos, que todos seus bens estavam penhorados a bancos credores e muito mais que eu não me recordo. Entorpecido com aquela verborragia, já ia me despedindo quando notei, em uma parede lateral da sala, um imenso couro de cobra sucuri belamente emoldurado. Vendo que eu olhava interessado para o quadro, disse com evidente orgulho que a cobra tinha sido morta em sua fazenda localizada na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Percebendo que tinha falado demais, tentou consertar, dizendo que as terras pertenciam a um seu cunhado e que ele foi uma só vez ao local para caçar. De retorno ao meu departamento, relatei à minha Chefia, via comunicação interna (CI), o resultado do meu contato, com a informação que havia conseguido. O caso foi encaminhado ao Jurídico, com esse informe complementar, de que o devedor aparentemente tinha uma propriedade não hipotecada na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Muitos anos depois, no final da década de 90, já aposentado, encontrei-me, na Colônia de Férias no Guarujá, com um colega com o qual havia trabalhado no setor de "Créditos em Liquidação" e, conversando sobre muitas coisas do passado, ele me informou do final desse caso: que o Depto. Jurídico tinha efetivamente localizado a fazenda do devedor e conseguido a sua penhora, com a venda posterior em hasta pública, recuperando boa parte do crédito do Banco!! O dito popular está correto: O PEIXE MORRE PELA BOCA!! Saúde e Paz a todos.   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 19/06/2015
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