Peço licença para fazer depoimento.
É isso mesmo, Caldeira, a sua imagem reflete bem o que fizemos: cada um de nós ajudou a colocar um tijolinho na casa do nosso Banespa. E cada um de nós, banespianos, tivemos as vidas intimamente ligadas a ele, durante grande parte de nossas existências.
Tínhamos a fama de 'marajás' por conta do que diziam as más línguas: "trabalhávamos pouco e ganhávamos muito". Isso se devia ao fato de que, no nosso contexto de bancários, em comparação com os demais funcionários de bancos particulares - que recebiam salários irrisórios - éramos bem remunerados. Assim, conseguir passar num concurso do Banespa significava uma proeza extraordinária, um verdadeiro 'fato social'. Até hoje, guardo com carinho a publicação no jornal da cidade dos nomes - entre os quais está o meu - aprovados no Concurso n.º 35.
Por isso, gostei muito de ler os depoimentos do Bosco, do Cadinho e do Guerra. É bom a gente saber um pouco daquilo que os nossos companheiros passaram. Vêm-nos as lembranças das coisas que marcaram profundamente a nossa trajetória dentro do querido Banespa.
Todos nós - os bons banespianos - tivemos, é claro, os nossos bons e os nossos maus momentos. Mas, a tudo superamos e certamente guardamos, no presente, o orgulho de termos cumprido o nosso dever e contribuído para que o Banespa fosse, no passado, o grande banco que foi. Com certeza, para a maioria de nós, não foi um começo fácil. Como os que citei, vim de uma família pobre e tive que batalhar muito para conquistar o meu lugarzinho ao sol.
Quando passei no concurso, trabalhava no Banco Moreira Salles (que a gente chamava 'carinhosamente' de "Miséria Sales"); conseguia verdadeiros milagres para pagar a Faculdade de Direito e ainda juntar um dinheirinho para casar. Em 1966, ingressei no banco para inaugurar a agência urbana Ipiranga (quando chegamos, o prédio ainda nem estava totalmente acabado). O que eu comecei ganhando mal dava para pagar o aluguel (caríssimo) e a faculdade. Não sobrava muito para comer; a minha sorte é que a minha esposa sempre foi uma exímia 'economista doméstica'.
Mas, as coisas foram aos poucos melhorando. Vieram uma gorda gratificação e uma promoção (aniversário do Banespa). Comecei a fazer bastantes horas extras...O meu primeiro gerente (contador, na época) não ia com a minha cara (acho que era porque não fazia parte da turma que ia com ele ao boteco no final do expediente) e me ferrou bastante. Até carta de advertência recebi por ter sido pessimamente avaliado - lembram-se das famigeradas avaliações secretas? O que me consola é que o seu substituto foi meu grande amigo, e me avaliava sempre bem - sinal de que eu não tão mau funcionário assim...
Mas, acho melhor parar por aqui, já me alonguei demais; me desculpem.
Um abraço a todos.
Galvão   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 17/12/2014
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