Pantanal Matogrossense-anos 70 - E lá vamos nós novamente rumo ao paraíso.O trem da Noroeste do Brasil saiu de manhã, atravessando boa parte do Estado, chegando em Três Lagoas/MS já de noitinha.
O lugar que a gente mais permanecia era no vagão restaurante, onde o pessoal enchia o rabo de cerveja.
Em Três Lagoas, embarcou e foi direto para o carro restaurante um homenzarrão de quase dois metros de altura,terno de linho bege ou branco encardido (sei lá),chapelão, e usava guaiaca ( hoje conhecida como pochete) Tava alinhado e disse que ia à Campo Grande para comprar uma boiada.
Pediu ao garçom uma garrafa de conhaque Palhinha, encheu um copo lavrado (daqueles de cerveja) e mandou goela abaixo. Bebeu outro tanto,tirou os sapatos,puxou o chapelão no rosto e encostado na mesa, pegou no sono.
De madrugada a composição serpenteava preguiçosamente entre as cidades de Agua Clara e Ribas do Rio Pardo e nós cochilando nas mesas. Foi quando o Irani (apelidado de Caburé\) levanta,pega um dos sapatos do homem, trás até o nariz,faz uma careta e atira o pisante pela janela.
Clareava o dia quando o comboio entra na estação de Campo Grande. O homem acorda,pede a conta e pergunta o nosso destino. Tira da guaiaca um montão de dinheiro,paga a conta e diz : " estou deixando paga uma caixa de cervejas para vocês irem bebendo."
Foi aí que bateu aquele remorso danado...
Calçou o primeiro pé e começou a tatear com o outro,procurando o sapato. Quando não encontrou-o e notando que havia sumido, virou bicho.
Levantou,puxou da cinta um trezoitão e bradava " se descubro quem fêz isso, eu mato !!!"Nós, encolhidos nas mesas nem piscávamos. Desceu xingando todo mundo
Lembro-me como se fosse hoje: o trem saía da estação quando e eu e o Luiz Bozzini olhamos pela janela. A estação se clareando com os primeiros raios solares e aquele baita homem,com uma mala nas mãos,mancando pois faltava um pé de sapato, em direção à saída.   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 24/05/2014
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