Brasil é responsável por 25% do lucro mundial do grupo, a maior fatia entre os países onde o banco atua. Mesmo assim, instituição continua apostando em demissões
São Paulo – O Santander teve lucro líquido gerencial de R$ 2,929 bilhões no primeiro semestre, segundo balanço divulgado nesta terça-feira 30 pela instituição financeira. Houve queda de 9,8% em relação ao mesmo período de 2012 e de 7,2% no trimestre. Ainda assim, o Brasil continua o responsável pela maior fatia do lucro mundial do banco espanhol, com 25% de participação no resultado total do grupo.
Demissões – Apesar disso, o Santander Brasil mantém um modelo de gestão do caminho mais fácil, ou seja, a da redução de custos com cortes de trabalhadores. Apenas no último trimestre, fechou 1.782 postos de trabalho. No primeiro semestre de 2013, já foram fechados 2.290 postos de trabalho. Em relação ao seu quadro em junho de 2012, a redução foi de 3.216 funcionários. Além disso, a rede de atendimento também foi reduzida: foram fechadas 12 agências, 238 caixas eletrônicos e 19 postos de atendimento bancários (PABs).
“Proporcionalmente, o Santander foi o banco no Brasil que mais demitiu funcionários. Isso aponta para uma política equivocada da direção da instituição. O novo presidente, Jesús Zabalza, assumiu falando em valorizar os clientes, mas os executivos estão apostando na contramão disso, pois quem valoriza cliente não demite os responsáveis por sua fidelização”, critica a diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa.
Gestão equivocada – Ela acrescenta que para atender melhor os clientes, além de número suficiente de bancários nas agências, é preciso que o Santander invista na formação dos empregados. “Faltam bancários em todas as unidades do Santander. Além disso, a qualidade dos funcionários vem da experiência e da capacitação. A instituição troca empregados antigos por novos com salários mais baixos e investe cada vez menos em treinamento, pois houve queda de 10% nos gastos do banco com capacitação. A consequência disso são os piores resultados em relação aos dos concorrentes.”
Bônus dos executivos – Por outro lado, os executivos do banco são recompensados. “O Santander aumentou em 38,9% a bonificação dos integrantes do alto escalão, enquanto o maior concorrente reduziu essa bonificação em 11,5%. Isso mostra que os responsáveis por essa gestão equivocada, que deixa os resultados da instituição muito aquém de seu potencial, estão sendo cada vez mais valorizados”, diz a dirigente.
Rita lembra que o Santander incorporou dois grandes bancos (Banespa e ABN Amro) que contavam com profissionais competentes e satisfeitos e está transformando em uma empresa com níveis altíssimos de insatisfação de seus funcionários. “O que pretende a gestão do Santander no Brasil?”, questiona.
Banco pode valorizar – O balanço mostra ainda que apenas com as receitas de prestação de serviços e tarifas o Santander cobre 156,5% do total de despesas de pessoal do banco. “Ou seja, só com um tipo de receita o banco cobre toda a sua folha de pessoal e ainda sobram recursos. É mais uma prova de que o banco tem todas as condições de valorizar seus funcionários. Esperamos que com a reestruturação do alto escalão que está sendo promovida, esse modelo de gestão mude”, reforça Rita.
As receitas de serviços e tarifas subiram 12,7% em relação aos primeiros seis meses de 2012 e atingiram R$ 5.458 bilhões, enquanto que as despesas de pessoal caíram 3,5% em 12 meses, somando R$ 3.488 bilhões, incluindo a PLR.
Crédito – Houve ainda crescimento de 9% em 12 meses da carteira de crédito ampliada, que atingiu o patamar de R$ 266,7 bilhões. No segmento de pessoa física, o crescimento foi de 5% em um ano, enquanto o crédito para pessoa jurídica cresceu 8,6%, onde se destaca o crescimento de 10% no segmento de Grandes Empresas, enquanto o crédito para pequenas empresas apresentou expansão de 5,9% em um ano, mas queda de 1,5% no trimestre. Destaca-se ainda, no segmento PJ, uma elevação de 60,5% no crédito rural e o crescimento do crédito imobiliário em 14,5%. Em pessoa física, o crédito imobiliário foi o que mais se elevou: 30,6% em um ano.
Inadimplência e PDD – O Índice de Inadimplência superior a 90 dias apresentou elevação de 0,3 p.p. em um ano, chegando a 5,2% em junho de 2013, contudo houve queda de 0,6 p.p no trimestre. Por sua vez, as despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD) foram reduzidas em 5,4%, em relação ao ano anterior.
Queda – Entre os fatores que contribuíram para a queda dos lucros destacam-se a redução nas receitas das operações de crédito (-1,4% no trimestre) e diminuição nas receitas de depósitos em 20,8%. Essas últimas, entretanto, tiveram aumento de 7,9% no trimestre, refletindo as últimas elevações da Selic.
Mundo – O balanço mundial da instituição totalizou 2,255 bilhões de euros em junho de 2013, 29% superior ao que foi apresentado no primeiro semestre de 2012. Esse resultado representa quase a totalidade do lucro do grupo em 2012, que foi de €2,295 bilhões.
Rita ressalta ainda a solidez do grupo, que ocupa a 10ª posição no ranking mundial. “O Santander precisa respeitar os trabalhadores brasileiros, que respondem por ¼ de seu lucro mundial”, reforça.
Andréa Ponte Souza - 30/7/2013
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APdoBanespa - 20/03/2014
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