Se és capaz de manter tua calma, quando,
Todo mundo em redor já a perdeu e te culpa,
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para estes, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se, encontrando a Derrota e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste;
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar seja o que for que neles ainda existe;
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti, que ainda ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes;
E, entre Reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo valor e brilho:
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
E - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
Rudyard Kipling
Tradução de Guilherme de Almeida   - Visite www.apdobanespa.com
Nº 126316 - enviada por Pedro Kowaliauskas - Santo André/SP/ em 19/01/2018 | | |