Estava numa briga, que nem era minha,
E depois do soco que levei,
Saquei a arma e matei.
Mas, por vingança, antes de morrer,
O morto a arma tomou-me
E, em seguida, matou-me.
Quando cheguei ao Céu, chovia.
Enquanto São Pedro abria o guarda-chuva,
Porta entreaberta,
Sorrateiramente, entrei no Paraíso.
Que visão! Que espetáculo! Que perfeição de tudo!
Uma paisagem de beleza indescritível,
Repleta de alegria e paz,
Ultrapassava a linha do horizonte infinito...
A primeira pessoa que vi foi o Bexiga,
Um menino pobre, humilde e prestativo,
Que, sempre sorridente,
Servira só para devolver a bola que ultrapassasse uma das quatro linhas.
Era, agora, o capitão do time que estava jogando contra os anjos.
Se Pelé estivesse ali poderia servir, no máximo, como gandula,
Tal era o nível das jogadas celestiais.
O gramado era de um verde dourado magnífico,
Tão cintilante quanto o verde-ouro do Sol,
Que a tudo só iluminava e aquecia, sem nada queimar.
Quis entrar em campo, mas havia uma barreira intransponível,
Feita com um só raio de luz, totalmente invisível e transparente.
Meio frustrado, mas ainda maravilhado,
Fiquei de fora vendo o Bexiga jogar
E saboreando também toda aquela beleza.
Mas antes que pudesse contemplar a face do Pai,
O Bexiga parou, olhou para mim,
E com um gesto de despedida,
Apontou para as minhas costas.
Ao virar-me, era o segurança do Paraíso:
Forte, poderoso, contudo gentil,
Pegou-me pelo braço e devolveu-me à chuva,
Com destino ao Purgatório.
Enquanto descia, enrijecido de frio,
Para o fogo da purificação,
Já começando a sentir o calor da fornalha ardente,
Lançando, para o alto, labaredas aterrorizantes,
Ocorreu o milagre salvador do despertar!
Neste instante, graças a Deus, já com saudade,
Voltei ao Paraíso Terrestre.
JM-07/04/2015.   - Visite www.apdobanespa.com
Nº 120230 - enviada por Jonalvo Vieira Marques - Uberlândia/MG/ em 17/04/2015 | | |