Um dia você pára de esperar. Você pára de sonhar, de desejar e de se importar. E você entende que andou sozinho a maior parte da tua vida. Quanto mais cedo você compreende essa assustadora verdade, mais preparado você ficará para viver neste lugar desamparado.
Um dia você acorda e tudo está preto e branco. Você tenta desesperadamente encontrar um pouco de cor, mas é inútil. Você tenta pintar uma nova realidade, mas você não é um artista. Até que um dia você simplesmente esquece a beleza de um mundo colorido.
Um dia você acha que encontrou o amor. Mas na realidade você não encontrou. Você tropeçou e caiu no amor. Se o amor fosse tão bom, será que ele te faria cair? O que parecia ser um grande ponto de apoio acabou por ser uma pedra de tropeço. E você fica no chão, sofrendo e se perguntando: Será que eu quero me levantar de novo?
Um dia você se olha no espelho e não reconhece a pessoa do outro lado. E você tenta rastrear seus movimentos, suas escolhas, suas encruzilhadas. Só para tentar descobrir onde você se separou da sua concha. E você tenta descobrir: será que você vai encontrá-la, e vai se encontrar? Você quer se encontrar? Será que vale a pena?
Um dia, o sol deixa de te aquecer, e a chuva não consegue mais limpar a mancha de uma existência miserável. A comida não tem o mesmo gosto, e mesmo que tivesse, nunca conseguiria disfarçar o gosto ruim e azedo que dominou a sua boca.
Um dia você esquece como sorrir. Como sorrir de forma genuína. Você só mexe os lábios, você finge. Você é oco, vazio, você não tem motivação, inspiração, força de vontade. E todos os dias você vai para o seu próprio funeral, e você não tem últimas palavras para dizer. Você cava, cava e cava. Você vai enterrando partes de você. Sem últimos sacramentos, sem orações. Apenas silêncio e apatia. Tudo o que você pode fazer é continuar cavando. Porque isso é o que você faz melhor: você cava suas próprias sepulturas.
Um dia você simplesmente se recusa a ligar a luz. Ela não pode mais te ajudar. Mas a escuridão também não é sua amiga. Porque você não tem amigos. Você tem conhecidos, pessoas que te testam e te usam como um fantoche para a sua própria diversão.
Um dia todos os seus medos e fraquezas aparecem na sua porta. E eles não tocam a campainha. Eles derrubam a porta, te derrubam e roubam tudo o que você tem. Seu mundo desaba e você só pode olhar enquanto tudo desmorona.
Um dia... Um dia você decide escrever sobre esse dia. E quando você termina de escrever você entende que... Hoje é esse dia.   - Visite www.apdobanespa.com
Nº 117885 - enviada por Álvaro Pozzetti de Oliveira - Bauru/ em 30/06/2014 | | |