pela gola do
paletó
à porta do
templo
e me pedem que
aguarde
até que a
Democracia
se digne a
aparecer no balcão.
Mas eu
sei,
porque não estou
amedrontado
a ponto de cegar,
que ela tem uma espada
a lhe espetar as
costelas
e o riso que nos
mostra
é uma tênue
cortina
lançada sobre os
arsenais.
Vamos ao
campo
e não os vemos ao
nosso lado, no plantio.
Mas ao tempo da
colheita lá estão
e acabam por nos
roubar até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de
nós emana o poder
mas sempre o
temos contra nós.
Dizem-nos que é
preciso defender nossos lares
mas se nos
rebelamos contra a opressão
é sobre nós que
marcham os soldados.
E por temor eu me
calo,
por temor aceito
a condição de falso democrata
e rotulo meus
gestos com a palavra liberdade,
procurando, num
sorriso, esconder minha dor
diante de meus
superiores.
Mas dentro de
mim,
com a potência de
um milhão de vozes,
o coração grita -
MENTIRA