Mais uma greve de categoria
trabalhista está ocorrendo no País. Desta vez, foram os bancários que optaram
por cruzar os braços, como protesto pela não obtenção de um índice de reajuste
salarial satisfatório e que reponha as perdas salariais acumuladas desde 1994.
Na noite da última
quarta-feira, bancários de Tupã e região se reuniram em assembléia realizada no
Centro Sindical Bancário, onde também decidiram pela paralisação, que já foi
iniciada na manhã de ontem. Segundo
informações, a greve será mantida por tempo indeterminado e, com exceção do
Santander/Banespa, que apresentará sua contraproposta à categoria neste domingo,
dia 19, abrange todos os bancos públicos e privados não só de São Paulo, como
também Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis. Em
Tupã, a diretoria do Sindicato dos Bancários de Tupã e representantes da
categoria fizeram piquete na frente do Bradesco, anunciando a greve aos clientes
que chegavam para fazer suas movimentações. Quem se dirigiu ontem às
instituições bancárias, só conseguiu fazer uso dos caixas eletrônicos. Outros
tipos de pagamentos, saques e outras movimentações que dependem de contato
direto com funcionários da agência, não ocorreram.
Estimativas Com base
na decisão tomada pela categoria, estima-se que em São Paulo a adesão por parte
de funcionáiros de agências do interior ocorra de forma gradativa. Em São
Paulo, Osasco e região, mais de 2,6 mil bancários aprovaram por unanimidade a
continuidade da greve por tempo indeterminado. A greve iniciada ontem, paralisou
princi-palmente as agências do centro, sendo ampliada também para os bairros.
A greve no Rio de
Janeiro contou com a adesão da maioria dos bancários do centro financeiro. A
estimativa é que cerca de 90% das agências da região central da capital e 50%
dos bairros permaneceram fechadas desde quarta-feira. A greve também continua
na Capital Federal. Mais de 4 mil bancários compareceram à assembléia organizada
pelo sindicato e aprovaram a manutenção da paralisação. A grande maioria dos
bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal aderiram à greve.
Também estão paradas agências dos bancos privados. Na capital catarinense,
Florianópolis, a adesão foi quase total nos bancos federais e bastante alta nos
privados. Cerca de 450 trabalhadores participaram da última assembléia, e
decidiram manter o movimento grevista.
Reivindicações Segundo a categoria bancária, a greve foi deflagrada
porque a maioria decidiu rejeitar a proposta que havia sido apresentada pela
Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no último dia 8, avançando 2,5 pontos
percentuais no índice de reajuste em relação à proposta anterior. Enquanto a
categoria reivindica 25% de reposição salarial, contratação de mais funcionários
para reduzir as filas nos bancos, elevação dos pisos salariais, Par-ticipação
nos Lucros e Re-sultados (PLR), garantia de emprego e outros itens, a Fenaban
propôs reajuste de 8,5% para todos os trabalhadores e mais R$ 30,00 para os
funcionários que ganham até R$ 1,5 mil, PLR de 80% do salário mais R$ 705,00 e
uma cesta-ali-mentação extra de R$ 217,00. Para os bancários, a proposta é
totalmente insuficiente, pois além do pedido de 25% de reposição salarial, nos
termos sugeridos pela Fenaban não consta uma série de reivindicações que estão
na pauta. A categoria reclama que os bancos têm batido recordes sucessivos
de lucros e que, justamente por isso, não haveria motivo para negar a
reivindicação dos bancários. Na opinião da categoria, não há motivos para
que os bancos não consigam nem ao menos repor as perdas salariais acumuladas
desde 1994. No Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, as perdas foram
muito grandes, porque os salários dos funcionários nesses bancos foram
praticamente congelados durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Uma vez
deflagrada a greve, os sindicatos da categoria agora devem promover assembléias
para avaliar o quadro nacional e algum eventual posicionamento da Fenaban. Em
São Paulo, assembléia com a mesma finalidade ocorreu ontem às 18 horas.
Desde o início da campanha salarial dos bancários, no mês passado, diversas
paralisações pontuais em agências de bancos públicos e privados já foram
realizadas. Em Bauru, a principal ocorreu no dia 25 de agosto, quando várias
agências localizadas no centro da cidade (todas as unidades da Rua 1.º de
Agosto, Ezequiel Ramos, Virgílio Malta e Praça Rui Barbosa) abriram somente após
o meio-dia. Nesta data, as agências localizadas na Avenida Paulista, em São
Paulo, ficaram fechadas o dia todo.
Fonte: Diário de Tupã
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