O Santander Banespa dobrou o cacife de oferta de vantagens para reter em sua carteira os 860 mil funcionários públicos do governo estadual que têm conta corrente no banco e, no melhor dos mundos, conquistar os outros 240 mil que não são seus clientes.
Os motivos são claros: os 860 mil funcionários públicos representam 12,5% da carteira de 6,9 milhões de clientes do banco e giram mensalmente R$ 1,4 bilhão uma vez que o salário médio de cada um é de R$ 1,6 mil. Além disso, são clientes muito qualificados - professores, profissionais da área da saúde, da Justiça, policiais - com estabilidade no emprego e salário garantido.
Pelo acordo celebrado em 2000, na privatização do Banespa e sua compra pelo espanhol Santander, ficou acertado que o pagamento do salário dos funcionários públicos pelo então banco estadual passaria para outra instituição controlada pelo Estado, a Nossa Caixa, a partir de janeiro de 2007.
A campanha do Santander Banespa é para que esses clientes continuem tendo o banco como parceiro financeiro preferencial apesar de passarem a receber o salário em outra instituição.
Do outro lado da trincheira, a Nossa Caixa, luta para reter a clientela que compulsoriamente passará a receber o salário no seu balcão.
O vice-presidente do Santander Banespa, Román Blanco, que chefia a força tarefa de quase 700 pessoas de retenção dos clientes, acredita que a tarefa foi facilitada pela remodelação da conta salário estabelecida pela Resolução nº 3.402, do Banco Central (BC), em 6 de setembro.
As novas regras entram em vigor só em 1º de janeiro e nem todos os detalhes estão regulamentados, mas a resolução diz que os bancos deverão abrir automaticamente contas salários para os trabalhadores públicos e privados. Os empregadores fornecerão os dados necessários. Na conta salário não haverá incidência de qualquer tarifa. Os recursos poderão ser transferidos pelo trabalhador para o banco que desejar, no momento do crédito, sem taxas nem CPMF.
Para o cliente que transferir para o Santander Banespa o salário que será recebido na Nossa Caixa a partir de janeiro, o banco espanhol está oferecendo a garantia de crédito dos recursos no mesmo dia em que costuma receber, isenção de tarifas e crédito mais barato.
A cereja do bolo é o juro de 1,99% ao mês que será cobrado na linha de crédito pessoal destinada a esses clientes, com prazo de até 48 meses, limitada a R$ 4 mil por cliente. A linha estará disponível a partir de novembro. Para clientes para os quais o Santander Banespa pode oferecer crédito consignado - professores universitários e servidores do Judiciário - o prazo pode ir até 72 meses.
Anteriormente, o Santander Banespa já havia lançado para esses clientes o cartão Premium, sem anuidade e desconto de 2% na fatura para compras em supermercados e postos de gasolina, que atraiu 120 mil clientes em dois meses; crédito pessoal com taxas diferenciadas; e um produto de investimento rende TR mais 9%.
Com esse pacote, Blanco acredita que poderá conquistar até os funcionários públicos estaduais que não são clientes do banco.
A Nossa Caixa divulgou uma nota, ontem, lembrando que, como a Resolução 3.402 não está regulamentada, não pode abrir conta salário para os novos clientes e sim conta corrente. Essas contas têm isenção de tarifas até 31 de março. Desde agosto, algumas agências funcionam aos sábados apenas para abrir a conta dos novos clientes.
Fonte: Valor Econômico
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