A Comissão de Organização dos Empregados (COE) se reuniu na
quarta- feira, dia 25, em São Paulo, com o Santander Banespa para continuar
as negociações sobre as reivindicações específicas dos funcionários. O
objetivo é construir um aditivo à convenção coletiva de trabalho assinada
com a Fenaban.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e
Região (SindBancários) e da Afubesp, Ademir Wiederkehr, diversos pontos
da minuta aprovada no 20º Congresso Nacional dos Trabalhadores do Grupo
foram discutidos, porém de forma inconclusiva. "A negociação continua em
aberto e nova rodada deve ser agendada nos próximos dias", informa Ademir,
que completa: "Esperamos que o banco atenda as nossas justas
reivindicações".
Veja as principais cláusulas discutidas na negociação:
Vale-refeição para afastados – Os trabalhadores oriundos do ex- Banespa
afastados por problemas de saúde têm direito a receber vale- refeição por 180
dias. Na negociação, a COE propôs estender essa conquista para todos os
funcionários. O banco disse, na mesa de negociação, que vai seguir o acordo
da Fenaban, ou seja, pagar o ticket apenas até o 15º dia de
afastamento.
"Achamos uma crueldade castigar o trabalhador no momento de maior
fragilidade. Este direito já está incorporado em seu custo de vida e a
redução, além de ser uma política anti-social, é punitiva para quem adoece",
disse a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita
Berlofa.
Estabilidade pré-aposentadoria de 36 meses – A cláusula de estabilidade
provisória a empregados em regime de pré-aposentadoria em 36 meses para
mulheres com 21 anos de banco e homens com 25 anos de banco tem que ser
mantida e deve ser um direito de todos os funcionários. "Há enorme
expectativa dos funcionários para a continuidade dessa cláusula, dentro do
processo de transição que passa o banco", salientou o diretor da Afubesp, Zé
Reinado.
Essa conquista consta do acordo coletivo de trabalho dos funcionários
do antigo Banespa desde 1985. "Isso dá tranqüilidade para quem está próximo
da aposentadoria e é uma forma de o banco reconhecer o trabalho dessas
pessoas, que durante a vida ajudaram na construção do patrimônio da
instituição", disse o diretor do Sindicato de São Paulo, Mário Raia.
Entretanto, o banco disse que pretende aplicar o mesmo princípio da
Fenaban, que estipula estabilidade pré-aposentadoria de 24 meses para
mulheres com 23 anos de banco e homens com 28 anos de banco.
Pijama – A liberação remunerada pré-aposentadoria, também conhecida por
"pijama", conquistada no último acordo do Banespa, foi discutida na
negociação. "A COE quer manter essa cláusula, estendendo-a para todos, mas
de forma opcional", frisou o diretor do Sindicato dos Bancários do Litoral
Norte e um dos representantes do RS na COE, Bino Koller.
"Ela é muito importante para o bancário, pois permite ao trabalhador
ficar 12 meses em casa antes de se aposentar, recebendo seus direitos
como se estivesse na ativa", defendeu Camilo Fernandes, diretor do Sindicato
de São Paulo.
Entretanto, o banco sinalizou que pretende acabar com a cláusula,
argumentando que há um grande número de bancários, que após se
utilizarem do benefício, contestam-no na Justiça, entrando com ações
judiciais e cobrando indenizações.
Plano de Cargos e Salários – Os bancários querem a criação de um grupo
de trabalho para discutir Planos de Cargos e Salários (PCS), como forma de
corrigir as graves distorções existentes. Há bancários exercendo as mesmas
funções, mas com salários diferentes. O banco disse que vai encaminhar essa
discussão para o Comitê de Relações Trabalhistas.
"Essas distorções geram um grande descontentamento nos bancários, que
querem o fim destas injustiças e um tratamento igualitário para aqueles que
desempenham as mesmas funções", esclarece o diretor da Fetec-CUT/SP, Sérgio
Godinho.
Liberdade sindical – A COE também cobrou o livre acesso dos dirigentes
sindicais aos locais de trabalho para levar informações, fazer reuniões e
esclarecer dúvidas pessoalmente com os bancários. O banco propôs enviar o
tema para debate no Comitê de Relações Trabalhistas.
"É inaceitável que o Sindicato não possa distribuir os jornais da
entidade em todos os locais de trabalho, como no CASA e no Santander
Cultural em Porto Alegre", destacou Ademir.
Abono extraordinário para aposentados pré-75 do Banespa – O
representante da Comissão Nacional dos Aposentados, Oliver Simioni,
defendeu que o abono extraordinário seja incorporado à complementação
paga pelo banco ao pessoal pré-75. O banco disse que esse pagamento se
encerrou no dia 31 de agosto.
"Acabar com esse direito traz um grande impacto, principalmente para
quem tem menores salários. É possível incorporar esse abono e é uma
forma de valorizar a atuação desses trabalhadores, que dedicaram anos e
anos de trabalho à instituição", disse o secretário-geral da Afubesp, Marcos
Benedito.
Intervalo de 15 minutos na jornada de trabalho – Todos os bancários
admitidos antes da privatização do Banespa têm 15 minutos de descanso
dentro da jornada de seis horas. A COE reivindicou a extensão desse direito
a todos os funcionários do grupo. O banco, no entanto, quer manter essa
conquista somente para quem já a tem, sem estendê-la aos demais.
Outras questões – Durante a negociação, a COE também discutiu outros
pontos. O banco deu sinal verde para renovar algumas cláusulas do acordo
do Banespa, extensivas para todos os funcionários, como o Comitê de Relações
Trabalhistas, o Fórum de Saúde e a licença de dois dias por ano para levar o
filho ao médico, caso haja o fechamento do aditivo.
Ficaram ainda pendentes demandas como a indenização em caso
de morte ou invalidez decorrente de assalto, cujo valor é superior à
convenção da Fenaban, e pontos referenes à Cabesp e o Banesprev.
Fonte: Seeb SP e SindBancários
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