Assembléia: Santander Banespa unifica marcas do banco espanhol no Brasil


Na assembléia de acionistas realizada na tarde desta quinta-feira, dia 31 de agosto, foi aprovada a incorporação do Banco Santander Brasil S.A., do Banco Santander S.A. e do Banco do Estado de São Paulo S.A. – Banespa pelo Banco Santander Meridional S.A.. Este último passou a ser designado como Banco Santander Banespa, unificando as marcas do grupo espanhol no Brasil.
 
Como o acionista controlador detém cerca de 98% das ações do banco, todas as votações foram decididas apenas com o voto favorável de seu representante.
 
Entretanto, diversos funcionários da ativa e aposentados, que participaram da assembléia na condição de acionistas minoritários do Banespa, fizeram uso da palavra para protestar pela forma com que foi feita a incorporação do ex-banco estadual paulista e registraram voto em separado contrário ao encaminhamento do Santander.
 
O principal argumento para votar contra a incorporação do Banespa deve-se ao fato de o banco não ter deixado claro em seus demonstrativos que reconhece suas obrigações trabalhistas e de comple-mentação de aposentadoria dos aposentados e pensio-nistas pré-75. "Queremos que a empresa provisione os recursos necessários para garantir esses pagamentos", afirmou o presidente licen-ciado da Afubesp, Cido Sério. O dirigente também mencionou o sentimento dos banespianos com o fim do Banespa. "É muito difícil tirar essa história do coração da gente".
 
Os acionistas Herbert Moniz e Oliver Simioni, integrantes da Comissão Nacional dos Aposentados do Banespa, reafirmaram que os recursos provisionados pelo banco são insuficientes para pagar a complementação de aposentadoria e as ações movidas pelos pré-75 em defesa de seus direitos. "Gostaríamos de ver todos esses passivos contemplados de forma transparente nos balanços da empresa", argumentou Herbert Moniz.
 
Os representantes da Afabesp também votaram contra a incorporação pelos mesmos motivos.
 
O advogado do banco tentou, em vão, convencer os acionistas minoritários de que não haveria motivo para a preocupação dos aposentados, lendo um trecho da legislação sobre a fusão e incorporação de empresas. "A empresa incorporadora lhe sucede em todos os direitos e obrigações", pontuou.
 
Também foi dito aos presentes que a partir de agora o Banespa fará parte de um banco maior e mais forte, o que representaria uma garantia maior de pagamento dos compromissos.
 
"O fato relevante para nós é que existe uma série de direitos dos colegas pré-75 que não foram considerados nos provisionamentos", respondeu Cido Sério.
 
Durante a assembléia, foi informado que os acionistas do Banespa poderão trocar suas ações na proporção de 1 por 2,245345 do novo banco. Caso não queira, poderá solicitar o direito de recesso dentro do prazo de 30 dias da divulgação do resultado da assembléia.
 
Paralisação da agência Central do Banespa
 
Antes da assemblé ia, os bancários realizaram um ato contra o assédio moral, metas abusivas e fraude no ponto eletrônico. Em virtude da manifestação a agência Central ficou paralisada até às 11 horas.
 
Protesto lamenta fim do Banespa 
 
Além da paralisação da agência Central, funcionários da ativa e aposentados do Banespa realizaram atividade de protesto pelo fim da marca Banco do Estado de São Paulo – Banespa S.A.. Os manifestantes distribuíram manifesto em frente ao edifício-sede do banco.
 
Veja abaixo a íntegra do manifesto entregue pelos banespianos:
 
Grupo espanhol quer acabar com a história do Banespa
 
Hoje, dia 31 de agosto de 2006, o grupo espanhol Santander está realizando uma assembléia de acionistas, cujo objetivo principal é acabar com a marca Banco do Estado de São Paulo – Banespa S.A., o maior banco público estadual que esse país já teve.
 
Após a assembléia, todos os bancos controlados pelo grupo espanhol no Brasil passam a ter a denominação comum de Banco Santander Banespa S.A..
 
Como o Santander possui quase 98% das ações do Banespa, é impossível impedir que essa afronta aos paulistas e brasileiros seja consumada. Entretanto, queremos protestar contra esse desrespeito do grupo espanhol à memória dos paulistas e brasileiros, que conhecem a importância do ex-banco público ao crescimento do Estado e do País.
 
O Banespa foi criado em 14 de junho de 1909, com o nome Banco de Crédito Hypothecário e Agrícola do Estado de São Paulo, para financiar a atividade cafeeira no Estado de São Paulo. E nesses 97 anos foi o principal promotor do desenvolvimento da agropecuária e da industria paulista.
 
É essa história que o Santander pretende fazer desaparecer. Ao perdermos essa e outras importantes referências de nossa identidade cultural – o Banespa sempre foi um dos símbolos de São Paulo –, nos tornamos uma presa mais fácil para o capital internacional. E a cada empresa vendida às multinacionais o país tem que transferir cada vez mais lucros para o exterior.
 
Além disso, ao incorporar a marca Banespa, o grupo espanhol pretende esconder o passivo trabalhista que o antigo Banco do Estado de São Paulo tem para com os seus aposentados e pensionistas.
 
Lembramos que o fim da marca Banespa só foi possível porque o banco do povo paulista foi entregue aos espanhóis do Santander, em novembro de 2000, pelos tucanos FHC e Geraldo Alckmin (que na época era vice-governador e comandava o Programa de Desestatização em São Paulo).
 
Nós, paulistas e brasileiros, denunciamos mais essa agressão do capital internacional e de seus aliados tucanos contra os valores nacionais.


Fonte: Afubesp/CNAB


900 - 01/09/2006
Celeste Viana

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