Carta à Executiva Nacional dos Bancários


Nesta segunda-feira, dia 13 de setembro, o Sindicato dos Bancários de Florianópolis e Região está entregando à Executiva Nacional, a seguinte moção de repúdio. A entrega acontece hoje à tarde, em São Paulo, durante reunião da Executiva e será feita pelo Secretário-Geral do SEEB, Jacir Zimmer, representante de Santa Catarina na Executiva. Leia texto na íntegra abaixo:

"A Executiva Nacional dos Bancários comete um erro histórico brutal ao orientar, por maioria de votos, os trabalhadores a aceitarem a proposta apresentada pela FENABAN (Federação Nacional dos Bancos). A Executiva, no afã de fazer prosperar seu intento, argumenta que 8,5% é um índice acima da inflação no período de um ano e, portanto, teríamos atingido nosso objetivo de buscar aumento real. Argui, ainda, que a categoria avança em nova conquista com o décimo terceiro em forma de cesta alimentação. E, para demonstrar de forma cabal que a proposta satisfaz, divulga uma tabela em que demonstra de forma didática que 30 (trinta ) reais a mais no piso eleva o reajuste para além dos 12%.

Talvez tudo isso esteja correto. Mas, só talvez. Afinal, se é verdade que o índice apresentado pelos banqueiros supera a inflação medida nos últimos 12 meses, também é verdade que o índice está muito distante dos 25% definido pela Conferência Nacional. Também é verdade que o lucro dos bancos no primeiro semestre deste ano foi de 9,4 bilhões de reais, 14,7% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. E mais, se compararmos com outras categorias que já assinaram acordo coletivo o índice é frustrante.

Apregoar como uma nova conquista um abono em forma de tíquete é menosprezar a capacidade de raciocínio dos trabalhadores. No ano passado o abono foi melhor e pago em espécie. Não estamos reivindicando abono para solucionarmos os impasses. É, a categoria precisa resolver dois impasses: com os banqueiros e com a Executiva Nacional. A cesta adicional nada mais é que uma compensação dos banqueiros por conta de um índice que não satisfaz. Por mais que a cesta natalina esteja em nossa pauta de reivindicação ela está longe de ser a questão central.

Que desatino é esse da maioria da Executiva Nacional dos Bancários, que imagina que pode saciar a fome de esperança dos trabalhadores com mais uma cesta, para que eles possam se alimentar melhor no Natal? Trinta reais a mais no piso também não muda realidade alguma. Trinta reais é menos do que as tarifas cobradas diariamente pelos banqueiros.

Alguém pode argumentar que a proposta é melhor do que a do ano passado, cujo índice ficou abaixo da inflação, assim como o foi em outros anos. Ora, estamos vivendo noutra conjuntura. No ano passado a economia do país se arrastava. O crescimento foi zero. Mas, ainda assim, os banqueiros obtiveram um resultado excepcional. Este ano a economia cresce a passos largos e os bancos, mesmo com a taxa Selic mais baixa, continuam obtendo resultados de fazer inveja. Sejam os bancos privados, sejam os bancos públicos. Não precisamos registrar os números porque todos já os conhecem.

Ora, a expectativa de mudança não é uma peça de ficção, é um dado da realidade. Sendo assim, é responsabilidade da direção nacional perceber que existe um cenário diferente do de outros anos. E neste novo desenho da realidade nacional os bancários estão presentes como uma força viva, capaz e atuante para mudar rumos.

A proposta da FENABAN não é o limite econômico dos banqueiros privados e nem é o limite dos bancos públicos. Mas, para muito além das questões econômicas nos parece que a Executiva Nacional negligencia também a tarefa de tencionar o debate para mudanças reais nas cláusulas de saúde e sociais. Ano após ano, com a conjuntura favorável ou desfavorável as cláusulas de saúde e sociais não mudam uma vírgula. E quando mudam, mudam muito pouco. É hora de enfrentarmos esse debate com muito mais responsabilidade.

E não é só isso. A questão da jornada de trabalho e a ampliação do horário de atendimento ao público combinados com a criação de dois turnos de trabalho, precisa ser encarada de frente. Esses temas devem ser colocados na ordem do dia como uma das questões centrais da campanha, até porque dialoga com a geração de novos empregos.

Diante disso os bancários de Florianópolis manifestam a sua insatisfação e o seu repúdio com os rumos da campanha nacional. E a maioria da Executiva Nacional não pode se eximir de responsabilidade. Desrespeitou resolução da Conferência Nacional que estabelecia um encontro nacional aberto na segunda quinzena do mês de agosto para avaliar a campanha e definir a data da Greve, cujo indicativo já estava marcado para o início de setembro. A Greve, definida pela plenária da Executiva Nacional, foi marcada para o dia 21 de setembro, data muito distante do que fora discutida na Conferência. A interpretação que a categoria faz diante de tal posicionamento, é que a maioria da Executiva Nacional quer colocar um freio no processo de organização da categoria. Afinal, os limites da organização da categoria também não foram testados. Sendo assim, a categoria reclama a deflagração da Greve para o dia 15 de setembro, para que os trabalhadores, organizados no país inteiro, rompam com a má vontade dos banqueiros públicos e privados.

Florianópolis, 12 de setembro de 2004."

PARTICIPE DA NOSSA ASSEMBLÉIA GERAL, AMANHÃ, TERÇA, DIA 14 DE SETEMBRO, ÀS 18 HORAS NO AUDITÓRIO DA FECESC (Avenida Mauro Ramos, nº 1624, próximo ao banco redondo), EM FLORIANÓPOLIS

Fonte: SEEB Floripa





082-13/09/2004
Celeste Viana


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