Uma megacampanha publicitária, orçada em US$ 100 milhões, conseguiu o que
parecia impossível: reunir as maiores estrelas da seleção brasileira de
futebol fora dos campos. A campanha do banco Santander Banespa, na mídia
desde o fim de janeiro exclusivamente no Brasil, juntou em novembro Ronaldo
Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Kaká, Roberto Carlos e Cafu.
O
encontro, apenas um mês depois do último jogo das eliminatórias da Copa do
Mundo, só vai se repetir em março, em Moscou, no amistoso contra a Rússia.
Os valores astronômicos (hoje equivalentes a cerca de R$ 220 milhões,
incluídos aí os cachês dos jogadores) causaram espanto em profissionais do
mercado de propaganda. A campanha envolveu também uma verdadeira ginástica
para conciliar as agendas dos craques. A negociação foi marcada, até mesmo,
por uma disputa nos bastidores.
— O Cafu, quando soube, pediu para participar da campanha, que, a princípio,
envolveria apenas os outros cinco — revela uma fonte ligada à campanha. E,
no meio de toda a negociação, o Bradesco tentou seduzir os jogadores para
fazer uma campanha semelhante.
O Bradesco afirmou que desconhece a informação. Mas o fato é que a campanha
realmente mexeu com o mercado publicitário:
— Não lembro, nos últimos 20 anos, de ter visto uma campanha desse tamanho,
com esses valores — afirmou Sergio Amado, presidente da agência Ogilvy
Brasil.
Já outro executivo graduado do mercado estranhou a soma — e desconfiou dela.
Em sua opinião, se a campanha custasse US$ 20 milhões já seria um
investimento altíssimo:
— Se for isso mesmo (US$ 100 milhões), teremos aí o novo maior anunciante do
Brasil — ironizou.
Para efeito de comparação: pelos cálculos desse executivo, as Casas Bahia, o
maior anunciante do país, têm um investimento em mídia (não contam outras
ações de marketing) que beira R$ 1 bilhão, mas se forem considerados os
descontos sobre as tabelas dados à rede, esse valor ficaria em torno de R$
200 milhões. E a AmBev, uma empresa de produtos de alto consumo com uma gama
enorme de marcas — entre elas Skol, Brahma e Antarctica — investiu em
marketing no ano passado R$ 400 milhões. Mas esse número inclui até
convenções de vendas e pinturas de caminhões.
O executivo ainda brinca: com US$ 100 milhões, o Santander estaria apostando
alto para tomar de uma vez o primeiro lugar do Bradesco, maior banco privado
do país. Mas o caminho é longo. O Santander Banespa — a nova marca vai
reunir as operações de Santander e Banespa — é o quarto maior banco privado.
O vice-presidente de Marketing do Santander Banespa, Armando Pompeu,
comemora resultados. Segundo o executivo, pesquisas encomendadas pelo banco
mostram que 85% do público alvo já foi atingido pela campanha:
— Nosso objetivo é transformar nossa marca numa marca desejada e mais
conhecida. E também conseguir chegar ao terceiro lugar, depois ao segundo e,
é claro, ao primeiro. Queremos ser o melhor banco do país.
Segundo Carlos Coelho, diretor de criação da Mccann-Erickson, agência
responsável pela campanha, os filmes e as fotos publicitárias foram feitas
em dois dias, numa arena de touros de Madri que foi transformada em um
estádio de futebol. No primeiro dia participaram apenas os jogadores do Real
Madri (Ronaldo, Robinho e Roberto Carlos). No dia seguinte, chegaram Kaká,
Cafu (ambos do italiano Milan) e Ronaldinho Gaúcho (que joga no Barcelona):
— Foi um verdadeiro milagre reuni-los. Nevava muito, o jatinho do Kaká e do
Cafu quase não chegou devido à nevasca. Já os meninos do Real Madri estavam
no meio da crise que se instalou com a saída do técnico Wanderley
Luxemburgo.
No ar, o que se vê é descontração. Em um dos filmes, os jogadores brincam
com a dificuldade de pronunciar o nome da instituição. Eles ensinam que é
“Santandér”.
A campanha, que se chama “Inovando para crescer”, vai durar até o fim da
Copa do Mundo e, apesar do apelo dos jogadores na Europa e na América
Latina, será exibida apenas no Brasil. Além dos filmes para TV, também foram
preparados spots para rádio e anúncios para jornais e revistas. Segundo
Pompeu, dentro de algumas semanas serão gravados filmes individuais com
alguns jogadores, que serão usados na segunda fase da campanha:
— Num primeiro momento, a campanha é mais institucional, para apresentar o
banco. Mais para a frente, apresentaremos produtos.
Fonte: O Globo
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