O Índice de Geral de Preços (IGP-DI) registrou deflação de 0,13% em setembro, contra variação negativa de 0,79% no mês anterior, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar da aceleração de preços, foi o quinto mês consecutivo de deflação. Desde maio, o IGP-DI acumula variação de -2%. É a maior deflação acumulada desde 1951, quando o índice caiu 3,55%.
— Temos de celebrar esse resultado como o princípio de uma flexibilização de preços que não tínhamos mais — afirmou Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV.
Quadros ressaltou, no entanto, que a comparação entre as deflações de 2005 e 1951 deve servir apenas como referência histórica.
— Nesses 50 anos, a economia brasileira se transformou muito. A economia era basicamente agrícola, e toda a movimentação de preços era diferente — explicou.
Todos os índices do IGP-DI tiveram aceleração
A queda do câmbio é apontada como principal responsável pela deflação prolongada. Mas Quadros afirma que o dólar já começou a interromper a trajetória de queda, o que indica que a deflação também pode se esgotar.
O que ainda garantiu a queda de preços em setembro foram os preços de matérias-primas agrícolas (-3,17%) e alimentos (-1,03%). Todos os índices que compõem o IGP-DI, no entanto, se aceleraram. O Índice de Preços ao Atacado (IPA-DI) ainda apresentou deflação de 0,28% no mês, mas o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI) ficou positivo em 0,09%. Já o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC-DI) ficou em 0,24% positivo.
Para o economista do Ibmec Alexandre Barros da Cunha, a deflação prolongada não deve fazer o Banco Central acelerar demais os cortes nos juros. Especialmente, porque o ciclo deflacionário não vai durar para sempre.
— Quem estiver pendurado no cheque especial não deve sair por aí soltando foguetes — brincou o economista.
Ontem, a Fecomércio-RJ divulgou que o custo da Cesta de Compras — que equivale ao consumo médio de todas as famílias residentes na cidade do Rio de Janeiro — subiu 0,007%. Isso significa uma alta de R$ 0,20 em setembro, quando a cesta chegou a R$ 296,75. Os produtos que ficaram mais caros no Rio foram maçã (9,37%), frango (5,01%) e sabão em pó (4,11%), enquanto a batata (-17,13%) e o tomate (-8,60%) tiveram as maiores variações negativas.
Fonte: O Globo
| |