CUT deve recorrer de decisão do HSBC de abrir agências aos sábados


SÃO PAULO - O diretor da Confederação Nacional dos Bancários e funcionário do HSBC, Sérgio Siqueira, criticou a decisão do banco de abrir agências aos sábados. Segundo ele, a medida é inconstitucional e cabe recurso. Os sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores vão se reunir nesta sexta-feira à tarde para decidir que medidas jurídicas deverão tomar contra a decisão.

O banco fechou um acordo com o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul, que não é filiado à CUT, para o funcionamento das 10 horas às 14 horas de três agências de Piracicaba, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, no interior do estado.

Para Siqueira, da CUT, a medida é ilegal e passa por cima da vontade da categoria, que está em plena campanha salarial (os bancários têm dissídio em setembro). Ele disse que o acordo foi feito com três pequenos sindicatos, contrariando mais de 99% das entidades que se posicionaram contra.

- A medida foi tomada em meio ao processo de negociação da campanha salarial dos bancários, cuja pauta contém cláusula que proíbe o trabalho nos finais de semana, definida e votada na 7ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, realizada em julho, que contou com a participação da Federação São Paulo/Mato Grosso do Sul - diz nota da CUT.

Segundo a Confederação Nacional dos Bancários, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) estabelece que a jornada legal de trabalho da categoria é de 6 horas, de segunda a sexta. Para Miguel Pereira, secretário de imprensa da CNB, a argumentação do HSBC de contratação de nova equipe para o trabalho aos sábados não convence.

O banco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está apenas fazendo uma experiência e que o projeto piloto será reavaliado em seis meses. No ano passado, o HSBC também lançou um projeto piloto que acabou sendo oficializado no início de 2005 de abertura das agências em mais três horas, além do horário normal, das 10 horas às 16 horas. Das 214 agências que funcionam em tempo superior a seis horas, 150 abrem das 9 horas às 18 horas. De acordo com o HSBC, a medida facilitou a vida das pessoas que não tinham tempo para resolver problemas de banco durante a semana e ainda aumentou as transações bancárias.

- Não foi uma imposição, mas uma negociação. As agências vão abrir debaixo de um acordo coletivo por tempo parcial de trabalho. O assunto foi amplamente discutido. O banco vai avaliar o projeto e depois de seis meses tomar uma decisão - disse um representante da instituição.

Segundo o HSBC, foram contratadas 16 pessoas (ex-bancários) para trabalhar nas agências. Elas foram admitidas por um regime especial de trabalho. Os funcionários receberão R$ 310,00 por mês, mais tíquete alimentação de R$ 25,32 por sábado e auxílio proporcional de cesta de alimentação e auxílio creche, entre outros benefícios. Após três meses, os trabalhadores serão incluídos no programa de Participação dos Lucros e Resultados (PLR) do banco. O HSBC tem 932 agências no Brasil. Segundo a empresa, a abertura aos sábados é normal nas agências do banco em vários países. De acordo com a assessoria, a medida aperfeiçoa o sistema bancário e foi aprovada pelos clientes no Brasil, segundo pesquisa. As negociações com os sindicalistas começaram em janeiro.

- Quem vai abrir e fechar as agências? O responsável por elas não irá trabalhar? E o cofre? E mais, todo o trabalho de sábado será processado na segunda, sobrecarregando ainda mais aqueles que trabalham durante a semana - disse Pereira.

Fonte: Globo Online


791 - 10/09/2005
Celeste Viana

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