Bancários podem ter aumento real

Brasil, Domingo, 12 de setembro de 2004



Pela primeira vez nos últimos quatro anos, os bancários podem sair da campanha salarial 2004 com aumento real em seus salários. O processo negocial, este ano, conseguiu desconstruir a política de abonos salariais que vinha sendo aplicada pelos banqueiros nesse período e corroia o poder de compra dos trabalhadores. Isso pode ser facilmente observado quando se toma o piso da categoria, que em 1994 valia 4,6 salários mínimos e, em 2003, chegou ao patamar de 2,3 mínimos.

A proposta apresentada pelos banqueiros no último dia 8, após cinco rodadas de negociação, é de 8,5% de reajuste salarial mais R$ 30 para quem ganha até R$ 1.500 – o que implica em reajustes de até 12,77%. Daí para frente, todos os salários serão reajustados em 8,5%, assim como as demais verbas salariais, a exemplo dos tíquetes e auxílio-creche.

Os bancários votarão essa proposta na próxima terça, dia 14 de setembro, em assembléia. Se aceitarem, a categoria passa a agregar uma nova conquista, o vale-alimentação extra no valor de R$ 217. A Participação nos Lucros e Resultados – de 80% do salário mais R$ 705 –também tem uma inovação: antecipação de 60% logo após a assinatura do acordo, garantido que nenhum trabalhador receba menos que R$ 900.

Dinheiro no bolso do bancário que, somados, significam injeção média imediata de mais 800 milhões de reais na economia brasileira. É importante ressaltar que a proposta anterior apresentada pelos banqueiros era de reajuste de 6%. Deixamos claro que não sairíamos dessa campanha sem alcançar reposição da inflação (INPC de 6,7%), aumento real, uma nova conquista – a última é de 1994, justamente quando os bancários garantiram pagamento de vale-alimentação para todos – e a valorização do piso. Isso tudo está contemplado por essa proposta. E o que é mais importante, numa campanha salarial unificada nacionalmente, em que 400 mil bancários de bancos públicos e privados de todo o país passam a contar com os mesmos direitos e reajustes.

A era FHC, em que os funcionários de bancos públicos permaneceram por oito anos com reajuste zero ou próximo de zero, acabou. Essas empresas assinaram com os sindicatos, pré-acordos em que se comprometem a cumprir o que for acertado com a Federação Nacional dos Bancos. Estamos trabalhando, agora, para que questões específicas dos bancos públicos – como isonomia entre funcionários novos e antigos e problemas com planos de cargos e salários – também sejam contempladas. Assim, poderemos, no próximo dia 14, sair dessa campanha como entramos, fortes e unidos.

Luiz Cláudio Marcolino é presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região




075-12/09/2004
Alfredo Rossi


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