Pela primeira vez nos últimos quatro anos,
os bancários podem sair da campanha salarial 2004
com aumento real em seus salários. O processo
negocial, este ano, conseguiu desconstruir a
política de abonos salariais que vinha sendo
aplicada pelos banqueiros nesse período e corroia
o poder de compra dos trabalhadores. Isso pode ser
facilmente observado quando se toma o piso da
categoria, que em 1994 valia 4,6 salários mínimos
e, em 2003, chegou ao patamar de 2,3
mínimos.
A proposta apresentada pelos
banqueiros no último dia 8, após cinco rodadas de
negociação, é de 8,5% de reajuste salarial mais R$
30 para quem ganha até R$ 1.500 – o que implica em
reajustes de até 12,77%. Daí para frente, todos os
salários serão reajustados em 8,5%, assim como as
demais verbas salariais, a exemplo dos tíquetes e
auxílio-creche.
Os bancários votarão essa
proposta na próxima terça, dia 14 de setembro, em
assembléia. Se aceitarem, a categoria passa a
agregar uma nova conquista, o vale-alimentação
extra no valor de R$ 217. A Participação nos
Lucros e Resultados – de 80% do salário mais R$
705 –também tem uma inovação: antecipação de 60%
logo após a assinatura do acordo, garantido que
nenhum trabalhador receba menos que R$
900.
Dinheiro no bolso do bancário que,
somados, significam injeção média imediata de mais
800 milhões de reais na economia brasileira. É
importante ressaltar que a proposta anterior
apresentada pelos banqueiros era de reajuste de
6%. Deixamos claro que não sairíamos dessa
campanha sem alcançar reposição da inflação (INPC
de 6,7%), aumento real, uma nova conquista – a
última é de 1994, justamente quando os bancários
garantiram pagamento de vale-alimentação para
todos – e a valorização do piso. Isso tudo está
contemplado por essa proposta. E o que é mais
importante, numa campanha salarial unificada
nacionalmente, em que 400 mil bancários de bancos
públicos e privados de todo o país passam a contar
com os mesmos direitos e reajustes.
A era
FHC, em que os funcionários de bancos públicos
permaneceram por oito anos com reajuste zero ou
próximo de zero, acabou. Essas empresas assinaram
com os sindicatos, pré-acordos em que se
comprometem a cumprir o que for acertado com a
Federação Nacional dos Bancos. Estamos
trabalhando, agora, para que questões específicas
dos bancos públicos – como isonomia entre
funcionários novos e antigos e problemas com
planos de cargos e salários – também sejam
contempladas. Assim, poderemos, no próximo dia 14,
sair dessa campanha como entramos, fortes e
unidos.
Luiz Cláudio Marcolino é
presidente do Sindicato dos Bancários de São
Paulo, Osasco e
Região
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