Dados do BC
apontam que 108 instituições tiveram resultado positivo de R$ 9,4 bi
-14,7% maior que em 2003
Apesar da queda dos
juros ocorrida desde o ano passado, os 108 bancos que atuam no país
lucraram R$ 9,4 bilhões no primeiro semestre deste ano, segundo
levantamento feito pelo Banco Central com base nos balanços fornecidos
pelas instituições financeiras. Os ganhos são 14,7% maiores do que os
registrados no mesmo período de 2003
Para
o consultor Alberto Borges Mathias, da ABM Consulting, o resultado do
sistema bancário reflete, em parte, os ganhos conseguidos com a concessão
de empréstimos. No primeiro semestre deste ano, as operações de crédito
proporcionaram às instituições financeiras uma receita de R$ 49,081
bilhões, contra R$ 35,385 bilhões registrados entre janeiro e junho de
2003.
As
negociações envolvendo títulos públicos, por sua vez, geraram resultados
menores aos bancos. Nesse tipo de operação, as receitas acumuladas pelo
setor bancário ficaram em R$ 33,615 bilhões, uma queda de 9,88% em relação
ao primeiro semestre do ano passado. O rendimento das aplicações em
títulos públicos acompanha as variações da taxa Selic, que, no começo de
2003, chegou a estar em 26,5% ao ano. Atualmente, os juros estão em 16% ao
ano, o que explica a menor rentabilidade obtida pelos bancos com esse tipo
de investimento.
Já
os juros cobrados nos empréstimos bancários, apesar da redução ocorrida
nos últimos meses, permanecem em níveis bem mais elevados do que a taxa
Selic. Segundo pesquisa feita também pelo BC, os juros praticados pelas
instituições financeiras, que estavam na média em 56,7% ao ano em junho do
ano passado, haviam passado para 44,0% em junho deste ano.
Mathias
afirma que, apesar dos números observados neste ano, ainda não se pode
dizer que os bancos vão passar a concentrar seus ganhos nas operações de
crédito, e não nas aplicações em títulos públicos. "Isso ainda é um sonho
distante", diz. Para o consultor, a taxa Selic permanece muito elevada,
mesmo com as reduções ocorridas de 2003 para cá.
Igual aos
outros Para Mathias, o ganho obtido pelos bancos que atuam no
Brasil não são muito diferentes do observado em outros países. "A
rentabilidade não é muito diferente da média internacional. É um pouco
superior, mas não muito."
Além
dos ganhos com as carteiras de crédito, os balanços das instituições
financeiras no primeiro semestre foram positivamente influenciados por
questões tributárias. Os valores provisionados pelos bancos para o
pagamento de Imposto de Renda e Cofins (Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social) somaram R$ 2,893 bilhões entre janeiro e junho deste
ano, quantia 33% menor do que o registrado em igual período de 2003.
Esse
movimento se deve, principalmente, à maneira como são calculados os
tributos que incidem sobre operações no mercado de câmbio. Quando a
cotação do dólar cai -como ocorreu em 2003-, as despesas decorrentes dessa
queda não podem ser abatidas dos tributos a serem pagos.
Por isso, no ano
passado, as despesas com o Imposto de Renda e a Cofins ficaram um pouco
acima do normalmente observado. Neste ano, com a maior estabilidade da
taxa de câmbio, o pagamento de tributos foi menos
afetado.
Fonte: Folha
NEY
HAYASHI DA CRUZ, DA SUCURSAL DE
BRASÍLIA
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