Enquanto a economia começa a mergulhar nos efeitos negativos da crise política, os bancos brasileiros não param de navegar nas ondas dos lucros. Desde 2002, as instituições financeiras vêm ampliando seus ganhos no País, muito por conta das altas taxas de juros e do aumento de tarifas. Agora, um estudo da Consultoria Economática envolvendo 148 bancos de capital aberto dos Estados Unidos, do Brasil e de outros países da América Latina mostra que a performance lucrativa da banca tupiniquim ultrapassa as fronteiras do País. Grandes conglomerados, como o Bradesco, maior banco privado brasileiro, o Itaú (o segundo) e o Banco do Brasil lideram com folga o ranking dos maiores lucros da história do sistema bancário no continente latino-americano. Na comparação com instituições americanas, o lucro do Bradesco nos primeiros três meses de 2005 figura na 10ª posição e o do Itaú, na 11ª. Disparados na frente estão gigantes como Citigroup (lucro de US$ 5,4 bilhões), BankAmerica (US$ 4,7 bilhões) e JP Morgan Chase (US$ 2,2 bilhões).
Com ganhos de US$ 452,1 milhões (R$ 1,2 bilhão) nos três primeiros meses do ano, o maior na história dos bancos na América Latina em apenas um trimestre, o Bradesco vem levando vantagem no embate com o Itaú há dois trimestres consecutivos. “Isso não acontecia desde dezembro de 2002”, aponta Einar
Rivero, coordenador do estudo da Economática. Mas o banco da família Setúbal
não fica muito atrás. De janeiro a março, a lucratividade atingiu US$ 428 milhões
(R$ 1,1 bilhão). O Itaú encerrou 2004 com o maior lucro anual da história bancária
do Brasil ou a bagatela de R$ 3,8 bilhões. Mas não são só Bradesco e Itaú que
estão lucrando alto. Banco do Brasil, Unibanco, Santander e Banespa também ocupam postos de destaque entre as maiores instituições da América Latina, seja em lucratividade, seja em ativos. “Os cinco maiores lucros da história dos bancos latinos estão no Brasil”, diz Rivero.
Muito dessa escalada do lucro dos bancos vem, é claro, dos ganhos com juros e tarifas bancárias. Receitas com serviços bancários e intermediação financeira,
que incluem os dois itens, bateram em R$ 116 bilhões em 2004. No primeiro trimestre do ano, segundo um levantamento do Banco Central, só a cobrança de tarifas rendeu aos bancos R$ 9,3 bilhões, um aumento de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. A clientela sentiu no bolso esse avanço das
tarifas, que, só no último trimestre, aumentaram 20% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Confederação Nacional dos Bancários. Já os ganhos com concessão de empréstimos e aplicações em títulos públicos ficaram em R$ 19,1 bilhões. Boa parte desse valor vem das aplicações em títulos corrigidos pela Selic, a taxa básica de juros estipulada pelo BC. No primeiro trimestre de 2004, ela variava entre 16,25% e 16,5%. Entre janeiro e março deste ano, a taxa gravitou entre 17,75% e 19,25%. Graças a esse juro, a lucratividade das 50 maiores instituições financeiras do País aumentou 53,74% nesses primeiros três meses do ano. E tudo indica que vem mais por aí.
Fonte: Isto é
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