O Ministério da Previdência fez ontem mais um alerta sobre o golpe do
empréstimo consignado, que está sendo aplicado contra aposentados e
pensionistas em várias partes do País.
O caso identificado mais recentemente
ocorreu em Antonina, litoral do Paraná. Ao receber o pagamento do INSS no
início do mês, os beneficiários descobriram que fizeram um empréstimo, mas
não receberam o dinheiro.
O golpe é feito a partir da visita de pessoas que se apresentam como
servidores do INSS, com o argumento de realizar um recadastramento.
Na
visita, pegam a assinatura ou impressão digital dos aposentados, cópia de
documentos e ainda ficam com o cartão bancário de recebimento do benefício,
sob a alegação de que será encaminhado um novo documento. Com tudo em mãos,
o golpista vai a uma instituição financeira, faz o empréstimo e recebe o
dinheiro.
Juros
Os problemas dos aposentados e pensionistas com empréstimos consignados vão
além do desconto no contracheque de recursos não solicitados. O Sindicato
dos Aposentados e Pensionistas, ligado à Força Sindical, aponta a grande
diferença entre os juros cobradas pelos bancos.
O sindicato fez as contas e constatou que os juros, em alguns casos, podem
chegar até a 5,9% ao mês, quando o acertado é de que a variação seria de
1,75% a 2,9%, de acordo com o tempo de pagamento do empréstimo. Pelos
cálculos de João Batista Inocentini, presidente do sindicato, uma pessoa que
pegue R$ 5 mil, em 36 meses, com juros de 2,9%, pagará, ao final, R$ 8,4
mil. Com juros de 5,9%, no mesmo prazo, a conta final chega a R$ 12,9 mil.
"É um roubo.
O empréstimo consignado foi criado justamente para baratear os
juros, porque, como é descontado em folha, não há risco para o banco",
afirma. A acumulação de problemas levou o governo a suspender por 60 dias,
na sexta-feira passada, a celebração de novos convênios com as instituições
financeiras.
Até o momento, 43 bancos aguardam autorização. Os 33 que já
assinaram não precisarão interromper a oferta de serviço.
O INSS alega que dos 1.005 registros feitos na Ouvidoria, apenas 43 tratavam
de pessoas que não pediram empréstimo e tiveram o desconto no contracheque.
O número é considerado pequeno num universo de mais de 2 milhões de
operações de empréstimos realizadas, somando mais de R$ 12 bilhões.
Segundo o INSS, ainda assim, a suspensão de novos convênios foi decidida
para que, após o período de 60 dias, possam ser feitas modificações nos
contratos, de forma a dar mais transparência e mais segurança aos
aposentados.
Para Vinícius Zwarg, chefe de gabinete do Procon de São Paulo, os
empréstimos precisam realmente ser revistos. "Este não é o melhor caminho
para estimular o crédito no País, pois está sendo liberado justamente onde
deveria ter um cuidado muito grande", afirma Zwarg.
Fonte: Jornal de Brasília
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