Eu estava redigindo um e-mail em que saudava o 1º de
setembro de 2004 como o dia em que os banespianos ficaram livres do acordo de
2001, quando tive conhecimento da proposta do Banespa com relação aos
aposentados Pré-75.
A proposta do Banco é, mais do que indecente (afinal, há quem goste de alguma
indecenciazinha), absolutamente
inaceitável, exceto quanto ao item 1. Vejamos:
Alternativa 1:
Tudo continuaria como está. Ou seja,
o parâmetro de reajuste desses colegas pré-75 permaneceria, no entendimento do
banco, vinculado ao Regulamento de Pessoal: o que o banespiano da ativa
recebesse de aumento seria repassado aos aposentados (exatamente o que vigora
hoje).
A proposta deixa dúvidas quanto aos
reajustes futuros desses aposentados.
Ficar como
está é, talvez, a única proposta aceitável. A única dúvida é se nossos
companheiros sindicalistas aceitariam propostas de abono como as do acordo
passado. Mas se aceitarem, mereceriam no
mínimo uma boa surra! E com certeza a desfiliação
de todos os aposentados das entidades que nos traissem.
E a CABESP, que é tratada nas duas alternativas seguintes, aqui fica de fora. O
que aconteceria com ela?
Alternativa 2:
O Santander Banespa paga ao
aposentado ou pensionista o valor correspondente às suas reservas matemáticas,
descontando um percentual de deságio ainda não especificado, e a pessoa se
desvincula do banco. Dessa forma, a empresa reduziria o passivo
trabalhista.
A proposta não especifica como
ficaria a situação da pessoa que aceitar essa opção em relação à Cabesp. Essa
questão (se a pessoa continuaria a ser associada à Cabesp ou teria que ingressar
em novo plano de saúde?) ficou pendente de
discussão.
Mesmo sem deságio, a reserva matemática já seria pouco.
E aqui fica exposto um problema: A continuidade da CABESP e a participação dos
aposentados nela.
Alternativa 3:
O Santander Banespa
constitui um fundo a ser administrado pelo Banesprev, buscando solucionar
definitivamente a questão do índice de reajuste salarial dos aposentados pré-75
que recebem pelo banco. Porém, estabelece um prazo de transição, até 2007, para
que esses banespianos tenham direito ao INPC anual pleno. Pela proposta, nos
próximos anos os aposentados e pensionistas pré-75 teriam os seguintes índices e
abonos:
a) Em setembro de 2004 - Zero de reajuste e abono de R$
3.000,00; b) Em setembro de 2005 - Zero de reajuste e abono de R$
3.000,00; c) Em setembro de 2006 - 50% do índice anual do INPC; d) A
partir de setembro 2007 - 100% do INPC anual para toda a vida. A proposta
estipula ainda que os aposentados abram mão das ações coletivas em tramitação no
judiciário, referentes às gratificações semestrais, PLRs e cesta-alimentação, em
troca de uma indenização global de R$ 50 milhões (para ser dividida entre os
autores do processo).
Isto significa que para os
colegas pré-75 ingressarem no novo plano terão que dar quitação plena a esses
direitos, sem poder voltar a questioná-los no futuro.O banco se compromete a dar
continuidade ao grupo de trabalho da Cabesp (nos moldes do atual acordo
coletivo), visando perenizá-la definitivamente.
Começando
pelo fim, R$ 50 milhões, divididos entre os aproximadamente 13 mil colegas
representados nas ações equivale ao valor ridículo de R$
3.846,15.
Abrir mão das ações coletivas – posso estar enganado, mas
correspondem a pelo menos 10 vezes mais – é, guardadas as proporções, deixar de
comer filé mignon para aceitar um prato de minhocas.
O
reajuste escalonado significa que em setembro de 2006 receberíamos 50% do INPC
sobre o salário/complementação atual. E, a partir de 2007, 100% sobre
as complementações defasadas. Ou
melhor, sobre as complementações de hoje. E os 3.000,00 além de não serem
incorporados para efeito de 13º, e crédito junto ao banco, à Cabesp e ao
Banesprev (para os colegas da ativa, não se incorporam também ao FGTS e à
Previdência), na prática correspondem apenas a R$ 2.175,00, pois incide Imposto
Redna. Ora, isto é risível, é achar que só os espanhóis são inteligentes
e todos os brasileiros são burros. Acho até que, conforme a experiência deles,
teriam alguma razão para pensar assim. Receberam praticamente de graça um dos
maiores bancos brasileiros, já remeteram para o exterior praticamente todo o
lucro, conseguiram um acordo em 2001 que reduziu a folha de salários e penalizou
os aposentados.
Mas estão enganados.
O colega Rossi, propõe que os banespianos aposentados
mudem o recebimento de seus benefícios do INSS para outros bancos.
Acho a
proposta boa,
mas insuficiente.Podemos retirar do Banespa os débitos em conta, deixar de pagar
títulos e contas no Banespa, mudar seguros para outros bancos, convencer
parentes e amigos a fazer o mesmo. Podemos ainda utilizar as Afabans e a
Afabesp para negociar com outros bancos e passar a usar o Banespa apenas como
conta salário. Nossas entidades podem tirar suas aplicações e saldos do
Banespa.
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