A maioria dos brasileiros ainda não tomou nenhuma medida para se
preparar para os anos de aposentadoria e acha que, diante do
envelhecimento crescente da população do país, o melhor que o governo
tem a fazer é reduzir os benefícios previdenciários.
Essa é uma das várias conclusões de estudo inédito feito pelas empresas
de consultoria Age Wave e Harris Interactive, por encomenda do HSBC.
No total, foram entrevistados 11.453 adultos em dez países -Brasil,
Canadá, China, Hong Kong, França, Índia, Japão, México, Reino Unido e
Estados Unidos- que abrigam mais da metade da população mundial.
No Brasil, foram ouvidas 1.032 pessoas com mais de 18 anos, residentes
em 20 cidades e bastante representativas da segmentação social do país.
Diferentemente do que foi constatado em muitos países, no Brasil a
maioria dos entrevistados não começou a se preparar para os anos
pós-mercado de trabalho.
Apenas 44% da população adulta brasileira disse já ter dado algum passo
para programar sua aposentadoria. Em uma lista de dez países, o Brasil
só perde nesse item para o Japão, onde esse percentual é de 32%.
Embora a maior parte dos entrevistados brasileiros acredite que os
benefícios previdenciários pagos pelo governo lhes garantam recursos
menores do que necessitarão no futuro, mais da metade deles disse que,
nos 12 meses anteriores à pesquisa, não havia procurado amigos ou
consultores para falar sobre o tema da aposentadoria nem contribuído
para algum plano de previdência privada com o objetivo de aumentar a
renda pós-aposentadoria.
Poucos fazem cálculos
Apenas 13% dos brasileiros disseram que já calcularam quanto dinheiro
deverão precisar para sobreviver depois que pararem de trabalhar.
Novamente, o Brasil só perde para o Japão nesse item, onde o percentual
foi de apenas 7%.
Uma das possíveis explicações para o baixo planejamento previdenciário
no Brasil -embora 72% do total dos consultados estivessem empregados em
tempo integral (56%) ou parcial (16%) durante o levantamento- é a baixa
renda da maior parte da população.
Segundo Ken Dychtwald, diretor da Age Wave, uma das características da
população brasileira que chama a atenção e se destaca nos resultados do
país é o alto percentual que disse contar com a ajuda de suas famílias
no seu futuro como aposentado.
"No Brasil, muitos contam com os membros das gerações mais novas para
receberem cuidados durante suas aposentadorias", disse Dychtwald.
Apesar de 52% dos entrevistados acharem que o governo deveria ser o
grande responsável por seu bem-estar durante a aposentadoria, apenas 33%
acreditam que isso ocorrerá.
A conseqüência direta disso é que 29% das pessoas afirmam que seus
filhos e outros membros da família vão bancar a maior parte dos custos
de sua aposentadoria no futuro, embora apenas 13% dos brasileiros achem
que isso é o correto.
Por outro lado, generosos 68% dos brasileiros -o maior percentual
registrado pela pesquisa- disseram que, para eles, deixar herança para
os filhos é muito importante.
Reduzir pensões
Um dos pontos da pesquisa em que o Brasil mais se diferencia dos outros
países é em relação a medidas que os entrevistados acham que os governos
devem tomar diante dos crescentes custos provocados pelo envelhecimento
acelerado de suas populações.
Em nove nações, a primeira solução defendida pelos entrevistados foi o
aumento da idade mínima para a aposentadoria.
Apenas no Brasil, a maior parte das pessoas disse que a melhor medida
seria a redução nos valores dos benefícios pagos aos aposentados.
"Apenas no Brasil, a maioria das pessoas acredita que reduzir os
benefícios seria a melhor linha de ação, possivelmente porque aqueles
que têm benefícios tendem a ser trabalhadores aposentados do governo que
vivem nas cidades e não são representativos da população como um todo",
segundo a pesquisa.
Apesar dessas diferenças, o Brasil acompanhou outras tendências que
parecem globais.
Como em todos os outros países que fizeram parte da amostra, a maior
parte da população brasileira (66%) disse querer flexibilidade para
poder alternar períodos de trabalho com outros de folga durante seu
período de aposentadoria.
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho
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