Bancos pagam 12,95% ao ano e cobram até 158,61% Entenda porquê os juros para o consumidor são tão elevados no Brasil
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São Paulo - Spread bancário é a diferença entre os juros de captação e as taxas cobradas nos empréstimos. Regra geral, os bancos usam recursos próprios para a concessão de empréstimos. Ou seja, o banco capta recursos por meio dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e empresta por diversas linhas de crédito, como cheque especial, crédito pessoal, crédito direto ao consumidor etc. A diferença entre estas taxas resulta no spread bancário.
Para se ter um idéia desta diferença de juros, a taxa média para CDBs está em 1,02% ao mês, o que equivale a juros anuais de 12,95%. Isso é o que os bancos pagam para captar recursos. Já o consumidor que recorre às linhas de crédito paga juros anuais de 87,37% ao ano no empréstimo pessoal e de 158,61% no cheque especial (juros médios apurados pelo Procon em abril). Isso significa que o spread bancário no empréstimo pessoal é de 74,42 pontos porcentuais e de 145,66 no cheque especial. No crédito direto ao consumidor, as taxas anuais para aquisição de veículos chegam a 36,6% ao ano e para aquisição de bens, 62,4%. Nestas linhas, o próprio bem acaba funcionando como garantia para a operação, o que reduz um pouco do spread cobrado pelos bancos. Algumas linhas de crédito possuem juros mais baixos, como os empréstimos com desconto em folha de pagamento, com juros mensais de 2% ao mês (26,82% ao ano), e as operações com recursos destinados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social, cujas taxas variam de acordo com a finalidade das operações - a instituição divulgou novas regras e taxas hoje. Contudo, nestes casos, a captação de recursos possui regras específicas. Os bancos justificam os spread bancário pela alta tributação, pelo risco de inadimplência e pelo custo das operações. Contudo, é fato que o governo é um grande tomador de recursos nos bancos e que paga taxas muito elevadas para financiar sua dívida. Segundo analistas, enquanto o governo não equilibrar suas contas e reduzir sua dependência por recursos, os bancos não baixarão suas taxas, já que encontram no governo “um grande e bom cliente”.
Fonte: Valor Economico |