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O lucro dos bancos estrangeiros que atuam no varejo do Brasil cresceu bem menos que o dos brasileiros no ano passado. Enquanto o resultado das três maiores instituições financeiras privadas nacionais avançou, em média, 25%, o ganho dos três maiores estrangeiros evoluiu 14%. Em termos absolutos, a diferença é ainda maior.

Bradesco, Itaú e Unibanco lucraram, juntos, R$ 8,119 bilhões. Já Santander Banespa, ABN Amro Real e HSBC apresentaram resultado líquido, em conjunto, de R$ 3,513 bilhões. "A primeira explicação para essa diferença está no porte dos bancos. Os nacionais são bem maiores", disse Gustavo Pedreira, analista financeiro da ABM Risk.

O Bradesco é o maior banco privado brasileiro. O Itaú é o segundo e o Unibanco, o terceiro. Em seguida, vêm os estrangeiros: Santander Banespa (4.º), ABN Amro (5.º) e HSBC (7.º). Mas há ainda fatores específicos para explicar o menor lucro.

"O Santander e o ABN fizeram aquisições de peso nos últimos anos e ainda sentem o impacto da incorporação dos bancos", disse o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho. O primeiro comprou o Banespa em 2000, quando iniciou uma reestruturação com investimentos em tecnologia e redução do pessoal.

"O ano passado ainda foi crucial para as mudanças. Em 2005 é que o Santander Banespa deve começar a colher os frutos", afirmou Salles. Como herança da época em que era público, o Banespa carrega expressiva carteira de títulos do governo e o resultado oscila com a Selic, taxa de juros básicos da economia. A taxa Selic média de 2004 foi inferior à de 2003. Assim, mesmo com o crescimento do crédito, o lucro do banco se manteve praticamente estável, em R$ 1750 bilhão, ante R$ 1,746 bilhão no ano anterior.

O ABN Amro, por sua vez, adquiriu em 2003 o Sudameris, que vem sendo incorporado. O lucro do ABN teve um pequeno crescimento, de R$ 1,137 bilhão em 2003 para R$ 1,237 bilhão em 2004. Mas, considerando-se os números consolidados do grupo, o resultado foi pior, de R$ 674 milhões, por causa da amortização de mais de R$ 500 milhões de ágio das aquisições do Real e do Sudameris.

"O ABN é o estrangeiro com menor rentabilidade", afirmou Salles. O retorno sobre patrimônio líquido de 2004 foi de 16% no resultado comum e de 8% no consolidado, ante 23% do Santander e HSBC.

Este último, de controle inglês, foi o que mais elevou o lucro em 2004. O resultado do conglomerado subiu expressivos 173%, de R$ 192,7 milhões para R$ 526,5 milhões. Entre os estrangeiros, o HSBC é o que mais tem investido no financiamento ao consumo. Além da Losango, adquirida do Lloyds, o banco comprou em 2004 a financeira Valeu. "Nosso tamanho mudou de patamar", disse o presidente do HSBC, Emilson Alonso.