Velhice não é sinônimo de doença!

Alimentação correta - Atividades físicas - Bom estado psicológico


O segmento de pessoas centenárias cresce muito rapidamente nos EUA. Hoje há 61000 pessoas com ou mais de 100 anos, o que representa aumento de 16 vezes em seis décadas. Há um século, a probabilidade de sobreviver até os 100 anos era de 1:500 e atualmente é de 1:26. O que surpreende é que os idosos norte-americanos estão vivendo com boa saúde, com importante diminuição de suas incapacidades. Está sendo observada uma diminuição na incidência de hipertensão arterial, aterosclerose e demência entre pessoas com mais de 70 anos, sendo interessante observar uma tendência de melhora da saúde, quando comparado com pessoas entre 50-70 anos. Hoje, os grandes centros que estudam o envelhecimento estão mais preocupados com a qualidade de vida do idoso do que com aspectos de saúde....

A alimentação correta, as atividades físicas e o bom estado psicológico formam a base destas mudanças. O sal e a gordura animal são os grandes vilões da alimentação e devem ser evitados. A atividade física feita com regularidade produz inúmeros benefícios, com destaque para a redução das doenças cardiovasculares. A depressão, o stress, a ansiedade são muito prejudiciais para nossa saúde, repercutindo inclusive em nossa imunidade e devem ser combatidos. A utilização constante de nossa mente é fundamental, tão importante quando os exercícios físicos.

No Brasil, o crescimento da população de idosos está ocorrendo da mesma forma que nos Estados Unidos e Europa, mas de uma maneira mais rápida e, infelizmente, sem recursos. Os números do censo do IBGE (1996) mostram uma queda da taxa de crescimento de nossa população aonde o número de idosos tende a aumentar e o de jovens a diminuir. Hoje em dia a parcela dapopulação de com mais de 65 anos de idade representa 5,4% da população brasileira ( estimada em 157 milhões) e, no ano 2020, será em torno de 9%. O aumento da participação de idosos na população sem dúvida muda o perfil de nosso país, com a revisão de suas prioridades. E como ficará nossa força produtiva? O número de trabalhadores com relação a aposentados também está diminuindo, sendo atualmente 1,9:1.

O setor de Previdência Social deverá ser violentamente atingido, e o setor de Saúde, por sua vez, está totalmente despreparado para esta realidade, pois ainda está voltado para as crianças e os jovens, sem falar na formação profissional do médico que ignora totalmente a terceira idade. Nossa sociedade também está recebendo as modificações positivas que estão ocorrendo no Primeiro Mundo e, por isso, nosso idoso deverá também ser mais saudável, como o norte-americano. Mas devemos lutar para combater os aspectos negativos do Terceiro Mundo, como a miséria, a desnutrição e doenças infecciosas. Medidas realistas devem nortear as mudanças de nossos sistemas de saúde e previdenciário. Este é um desafio que temos para enfrentar nos próximos anos.

Dr. João Roberto D. Azevedo - Médico neurologista e escritor




460 - 16/04/2005
Álvaro Pozzetti

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