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Os dirigentes da Afubesp Aparecido Sério da Silva, Ivani Baptistão e Sônia Sartori aproveitaram a assembléia de acionistas realizada na tarde de ontem (dia 13), no edifício-sede do Banespa, para questionar diversos itens do balanço do banco. Enquanto investidores minoritários da empresa, eles perguntaram, por exemplo, “por que o Passivo Atuarial Líquido Provisionado para pagar os aposentados (pré-75) é de ‘apenas’ R$ 4,105 bilhões?”

De acordo com a argumentação (que fundamentou a pergunta) utilizada pelo presidente da Afubesp, Aparecido Sério da Silva, “na privatização do Banespa, o Santander recebeu cerca de R$ 4 bilhões em títulos do governo federal destinados a garantir a complementação de aposentadoria do pessoal pré-75. Esses papéis eram corrigidos pelo IGP-DI + 12% ao ano. Hoje, mesmo com os desembolsos já efetuados, o valor corrigido desses títulos seria de aproximadamente R$ 8 bilhões.”

Mesmo diante da resposta evasiva dos representantes da empresa – que se limitaram a afirmar que o valor de R$ 4,105 bilhões corresponde a atualização do passivo trazido a valor presente –, os números deixam claro que o Santander, até o momento, já se apropriou de, no mínimo, R$ 3,9 bilhões que originalmente estavam reservados para os aposentados e pensionistas do Banespa.

Como o banco vendeu os títulos e, certamente, alocou os recursos arrecadados em investimentos mais lucrativos, o ganho obtido com o dinheiro dos aposentados deve ser ainda maior.

Os minoritários também indagaram sobre o valor total que está sendo remetido este ano, na forma de dividendos, para a Espanha, tendo em vista que as empresas do grupo deverão distribuir mais de R$ 1.152 bilhão aos acionistas. A direção da instituição afirmou apenas que o Banespa – que sozinho irá distribuir R$ 822 milhões – é controlado pelo Banco Santander S/A (proprietário de mais de 97% das ações), não respondendo a pergunta.

No total, os dirigentes da Afubesp leram e protocolaram oito questionamentos sobre o balanço, deixando registrado suas ressalvas às demonstrações financeiras e à destinação do lucro líquido de 2004 e distribuição dos dividendos. Além disso, votaram contra o “montante global anual da remuneração dos administradores da Sociedade”.

Os três itens da pauta foram aprovados pelo acionista controlador sem nenhuma ressalva.