Alckmin negocia no BNDES operação socorro para Cesp

Eis o resultado das privatizações tucanas. Venderam a parte boa das empresas estatais, financiando os compradores com recursos do BNDEs. Agora, com a parte podre em seu poder, tentam novas "mágicas" para empurrar o abacaxi.


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, propôs ao presidente do BNDES, Guido Mantega, parceria em uma operação de capitalização da Cesp, estatal paulista de energia. O pacote prevê a criação de uma holding com a participação do banco, que transformaria R$ 575 milhões de um crédito total de R$ 1,2 bilhão que tem junto à Cesp em ações preferenciais da empresa. Com isso, o BNDES aumentaria de 1,4% para 28% sua parcela no capital da Cesp. O governo paulista, dono de 60% das ações ordinárias e de 14% das preferenciais, teria ao fim da operação 44,7% da estatal.

Em contrapartida, o governo de São Paulo também faria um aporte de R$ 575 milhões na geradora, por meio da transferência do controle da também estatal Companhia de Transmissão Elétrica Paulista (Cteep) para a Cesp. Esta primeira etapa de capitalização serviria de lastro para a Cesp fazer uma emissão de R$ 2 bilhões em debêntures conversíveis e atingir o volume total de recursos necessários para honrar seus compromissos financeiros em 2005, de R$ 3 bilhões.

A empresa tem um endividamento total de R$ 10 bilhões, mas o problema se concentra no curto prazo. Nos próximos quatro anos, tem vencimentos de R$ 3 bilhões ao ano. A partir de 2009, a Cesp teria condições de honrar suas dívidas com a geração de caixa.

A criação da holding não tiraria do Estado de São Paulo o controle das duas empresas, segundo o secretário paulista de Energia, Mauro Arce. Ele descartou uma futura privatização tanto da Cteep como da Cesp. No início de fevereiro, o governo paulista enviou à Assembléia Legislativa um projeto de lei incluindo a Cteep no Programa Estadual de Desestatização, o que provocou especulações no mercado. As ações da empresa subiram 29,7% desde então e surgiram vários interessados em sua compra.





354 - 03/03/2005
Ariovaldo Cavarzan

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