CNB/CUT assina pré-acordo com BB e CEF

A assinatura do pré-acordo entre a Confederação Nacional dos Bancários, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, na manhã de hoje, dia 6 de agosto, foi um passo decisivo em direção à unificação da categoria bancária. O objetivo da representação dos bancários é construir um Contrato Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro até o final de 2006.

A assinatura do pré-acordo é um acontecimento histórico para os bancários. Para o secretário de Relações Internacionais da CUT, João Vaccari Neto, os bancários estão recuperando direitos históricos e relembra a greve de 1984, na qual o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb SP) esteve sob intervenção. Vaccari menciona a greve de 1985, a greve de 21 dias no Governo Collor. “O pré-acordo significa a retomada do processo de negociação, já que entre o Governo Collor até o final do Governo FHC os trabalhadores estiveram excluídos do processo de negociação. Quer dizer também que a unidade começa a ser reconstruída”, define.

“O pré-acordo abre a perspectiva para a categoria ser realmente unificada “, diz o presidente do Seeb SP, Luís Cláudio Marcolino. Jacy Afonso, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, anuncia que os bancários, com o pré-acordo, estão saindo de um círculo vicioso para entrar em um círculo virtuoso, já que é o primeiro passo para retomar a força de mobilização e reivindicação. O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Vinícius Assumpção, afirma que o pré-acordo é um passo decisivo para construir mais à frente a organização de todos os trabalhadores do setor financeiro em um só ramo.

Do lado patronal, Paulo Bretas, vice-presidente de Logística da Caixa Econômica Federal, reitera que a retomada da negociação entre empresas públicas e empregados aconteceu de forma corajosa e segura. Bretas diz que outros caminhos estão guiando a Caixa, diferentes daqueles do governo neoliberal antecessor. Segundo ele isto está sendo difícil de ser feito. “É um grande trabalho, que não acontece sem sacrifícios”. Bretas afirmou ainda que a direção da Caixa está tentando conciliar os interesses da população, empregados e governo visando um melhor futuro para o país.

O gerente de Relações do Trabalho do Banco do Brasil, Joel Bueno, começa sua fala lembrando da primeira lei de Murphy – Nada é tão simples quanto parece. Ele enfatiza que o Banco do Brasil reconhece a importância do emprego, já que as demissões só podem ser viabilizadas via processo administrativo, diferente do que acontecia no governo anterior. Bueno enumerou os concursos e vagas que passaram a ser abertas a todos. Conforme Bueno, o pré-acordo “não está trazendo a solução de todos os problemas, mas dando um grande passo nesse sentido”.

O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Plínio Pavão, lembra a luta dos bancários da Caixa, que no princípio eram economiários e em 1985 com a greve passaram a ser reconhecidos como bancários, e assim passaram a ter a jornada de 6 horas diárias e o direito à sindicalização. Pavão ressalta a importância da unificação dos bancários como a única forma possível de ampliação de conquistas. O coordenador da Comissão de Empresa do Banco do Brasil, Marcel Barros, acrescenta que os trabalhadores tem muito mais força para negociar.

O representante e secretário Executivo do Ministério do Trabalho, Alencar Ferreira, pronuncia que após 1992 – ano da criação da CNB e da Convenção Coletiva dos Bancários – este foi o grande marco para os trabalhadores de todo o país. Na posse da diretoria do Sindicato de Brasília, em julho, Ferreira tinha lançado o desafio da realização do pré-acordo, concretizado hoje. O desafio hoje foi outro. A construção do Contrato Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro até o final do governo Lula. Sobre o governo anterior diz que “na última década abdicou-se de pensar a relação trabalhista no Brasil. O neoliberalismo desconstruiu o que ainda tínhamos de nação. É um absurdo o que se viu no BB com a privatização sendo feita por dentro do banco, com contratos e terceirizações” . O secretário Executivo do Ministério do Trabalho informou que foram criados mais de um milhão de empregos no governo atual. E retomou: “Que bom dizer que os bancos públicos têm função na sociedade”.

Vagner Freitas, presidente da CNB/CUT, destaca que a direção dos bancos públicos já se comprometeu no sentido de se chegar à uma Participação nos Lucros e Resultados nos mesmos patamares da Fenaban. “Queremos aumento real de salário. É obrigação do sistema financeiro, o que mais lucra no país, repassar a inflação do período. Se os bancos não concederem aumento real nos salários, vamos construir a efetiva mobilização. Se não conseguirmos esse aumento via negociação, construiremos a greve”, ressalta.


Participação nos Lucros e Resultados 


O vice-presidente de Logística e Gestão de Pessoas da Caixa, Paulo Bretas, afirmou que a intenção da empresa é caminhar no sentido de construir uma proposta de PLR nos moldes da Convenção Nacional. "Estamos avaliando esta possibilidade e dependemos da divulgação do resultado do balanço". Bretas destacou que as cláusulas em que as condições da Caixa estejam acima da Fenaban serão preservadas.

A assinatura do instrumento, de acordo com Bretas, é uma decisão de governo. "Uma vitória do governo sob a hegemonia do PT e da Caixa, sob o comando de Jorge Mattoso, não se poderia dar outro tratamento para a questão. Buscamos o equilíbrio da instituição, cumprindo suas obrigações com o Tesouro Nacional, mas também buscamos a melhoria na qualidade de vida dos nossos empregados", afirmou.

Para a diretora de Relação com Funcionários e Responsabilidade Sócio-ambiental, Izabela Campos do BB, o instrumento assinado hoje define pontos importantes e será um referencial, no entanto, existem peculiaridades a serem concluídas. "É uma das fases para concluirmos o acordo coletivo, resultado da confiança , do diálogo".

Quanto à PLR, Izabela ressalta que a forma de distribuição da Fenaban é muito distinta do BB, mas que o banco está estudando a melhor maneira de lidar com o tema. "Precisamos achar o caminho", afirmou

O gerente de Relações Trabalhistas do BB, Joel Bueno, destacou as mudanças na postura do banco assim que assumiu a nova diretoria do banco. Entre estas mudanças está o formato do pagamento da PLR, segundo ele, hoje mais ampla, mais democrática e linear. "A política de PLR praticada no ano passado, e pela primeira vez negociada com o funcionalismo, foi mais vantajosa para os bancários do BB. Este ano a intenção é caminhar no mesmo sentido".

Fonte: CNB/CUT - (Carolina Coronel e Meire Bicudo)
 
 

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033-06/08/2004-Rossi

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