Depois de Lula, as garotas de Ipanema

Por Eliakim Araújo, jornalista brasileiro radicado em Miami
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A semana que passou foi pródiga em assuntos polêmicos que acabaram na boca do povo e forneceram material para colunista de jornal nenhum botar defeito.
 
  O sempre discutido Larry Rohter – aquele do NY Times que já escreveu sobre os hábitos etílicos de Lula – voltou a atacar e desta vez mexeu com os brios nacionais ao insinuar que as garotas de Ipanema de hoje já não têm os corpos tão perfeitos como cantou o poeta um dia.

  A turma do turismo, que sonha toda noite com fantasma da violência a assustar os turistas, chiou – e com razão -, afinal a beleza da mulher brasileira é um dos nossos melhores cartões postais no exterior. Larry se aproveitou de pesquisa sobre obesidade do IBGE e pegou pesado ao ilustrar a matéria com fotos de mulheres acima do peso.
 
  As atuais frequentadoras das praias cariocas também pularam, pois consideram que o repórter foi desonesto.
 
  Certo ou errado, o fato é que o tal Larry descobriu o filão, sabe cutucar a onça com vara curta, põe o dedo na ferida da honra nacional.
 
  O avião do Lula, eufemismo para falar da aquisição do Governo Federal, foi assunto de várias colunas. De repente, a oposição passou a mostrar enorme preocupação com o social, criticando duramente o gasto com a compra de um avião para a Presidência da República. Jornais chegaram a comparar o dinheiro aplicado na compra do avião com o que se aplica em áreas sociais. Um deles, exagerou na comparação e teve que pedir desculpas ao leitores pelo erro.
 
  Ora, vários presidentes já compraram aviões e nunca houve essa chiadeira. Só JK comprou dois. E mais um porta-aviões, lembram? O Airbus adquirido é o mesmo modelo que a TAM usa diariamente em seus vôos comerciais nas rotas brasileiras, com um tanque maior de combustível para viagens internacionais.
  Isso gerou de um leitor do Direto da Redação o irônico comentário: “Igual aos aviões da TAM? E eu pensando que o avião do Lula era um tremendo carango igual aos dos xeiques da Arábia Saudita!”.
 
  A verdade é que muita gente, com os mais variados interesses, não se conforma em ver um pau-de-arara, metalúrgico e monoglota desfrutar o conforto de um avião com camas e chuveiro. Paciência.
 
  Por último, a decisão do governo de tirar o caráter eliminatório do inglês no vestibular para o Instituto Rio Branco, com o objetivo de deselitizar a carreira diplomática. A chiadeira é geral. Para muita gente, a medida coloca nossa diplomacia fora da globalização, e língua global para eles é o inglês. Há quem veja, por trás da medida o velho sentimento antiamericanista, uma tentativa de mostrar ao mundo nossa independência em relação ao Tio Sam.
 
  Como a corporação é muito disciplinada, não sei até que ponto os diplomatas de carreira vão aceitar essa "capitis deminutio". Sei sim, por gente lá de dentro, que eles não se conformam em verem políticos no ostracismo ou que perderam eleição serem nomeados para Embaixadas onde o inglês não é tão necessário, como as de Portugal, Itália e dos países de língua espanhola.
 
  O tempo vai nos mostrar qual a real intenção da medida.






301 - 01/02/2005
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