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No jornal Correio Popular de Campinas deste domingo (16/01/2005), saiu a matéria sob o título "Jornalismo e Ética": "Dossiê, Imprensa e Judiciário", do jornalista Carlos Alberto Di Franco, Professor de Ética da Comunicação e diretor da Di Franco - Consultoria, da qual transcrevo alguns trechos para conhecimento dos colegas, por ter muito a ver com a situação em que nos deparamos:

"Em nome do amplo direito de defesa, importante e indispensável, a efetivação da justiça pode acabar se transformando numa arma dos poderosos e numa sistemática frustração dos mais desprotegidos. Aplicam-se aos desvalidos os rigores da lei e se concedem aos criminosos do colarinho-branco as vantagens dos infinitos recursos que o Direito reserva aos que podem pagar uma boa defesa.

A crise do judiciário tem empurrado a imprensa para uma função que não é sua. O cidadão, descrente da eficácia do caminho judicial, procura o repórter. Vivemos uma profunda distorção, uma superposição de papéis. A crise, no entanto, não se resolve com atitudes corporativas. É preciso discutir um novo conceito de espaço público que permita uma convivência civilizada entre o Poder Judiciário e o mundo da informação. Os meios de comunicação, independentemente de suas mazelas e equívocos, têm travado uma saudável discussão a respeito dos seus conflitos éticos. Não vejo, no entanto, o mesmo debate na área do judiciário.

É fundamental que os políticos saibam que a imprensa, numa rigorosa prestação de serviço, será a memória da cidadania. Mas, sobretudo, é essencial que o Judiciário, serenamente e sem engajamentos, espúrios, esteja à altura da indignação social."