Seeb PoA rebate críticas do Santander Banespa

O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região discorda das afirmações do presidente do Grupo Santander Banespa, Gabriel Jaramillo, publicadas na segunda-feira, dia 3, pelo jornal Correio do Povo. Jaramillo critica a grande participação dos bancos públicos no mercado e defende o aumento da concorrência bancária no Brasil.

Para o presidente do grupo espanhol no Brasil, a concorrência “é fundamental para que o dinheiro chegue mais barato ao tomador”. Segundo ele, isso é ainda mais importante se for levado em conta que o sistema financeiro privado tem apenas cerca de 50% do mercado, enquanto os outros 50% estão com dois bancos oficiais. Que ainda têm condições especiais de operação não permitidas a bancos privados, afirma, em referência ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal.

Jaramillo pede ainda uma redução do depósito compulsório sobre os depósitos à vista como mecanismo importante para reduzir o custo do dinheiro no país. Para ele, o compulsório é um fator importante na composição do custo do dinheiro.

Para a diretora do Sindicato, Amanda Cardoso, as declarações de Jaramillo refletem exatamente o pensamento dos neoliberais, que defendem o Estado mínimo. “Porém, é preciso deixar claro que é o Estado quem dá o suporte e a sustentação para a atividade privada, muitas vezes socorrendo as instituições com dinheiro público, para garantir a estabilidade da economia. A atuação do Estado só é reconhecida pelo setor privado quando é para salvar alguma instituição que está à beira da falência”, destaca.

Além disso, revela Amanda, não é por intervenção estatal que a Caixa e o Banco do Brasil detém esta fatia do mercado, “mas por merecimento do trabalho feito junto à sociedade em mais de um século”. Ao contrário da lógica do setor privado, que é investir pouco e lucrar muito, os bancos públicos buscam oportunizar o acesso ao crédito a todos, sem distinção de classes. “O BB e a Caixa investem nas áreas mais sensíveis e menos rentáveis, como o crédito agrícola e habitacional, proporcionando o desenvolvimento do país”, ressalta a dirigente sindical.

Como se não bastasse, os bancos públicos possuem agências pioneiras e algumas deficitárias, no desempenho de suas funções sociais, como a de garantir o atendimento das comunidades menos favorecidas. “Já os bancos privados, especialmente os que abocanharam instituições privatizadas no governo FHC, efetuaram o fechamento de centenas de agências deficitárias e pouco lucrativas nos últimos anos, deixando inúmeros municípios sem atendimento e milhares de bancários no olho da rua, como o Santander Banespa”, denuncia o diretor do Sindicato, Federação dos Bancários e Afubesp, Ademir Wiederkehr.

“Jaramillo, antes de pedir o aumento da concorrência, deveria mudar o perfil dos bancos privados, a começar pelo Santander Banespa, fazendo com que exerçam também funções sociais e respeitem os empregos e direitos dos funcionários e aposentados”, reivindica o representante sindical.




277 - 04/01/2005
Celeste Viana

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