BB reduz proposta feita antes da greve e aposta no confronto


             Não houve acordo na negociação da pauta específica entre o BB e a Comissão de Empresa dos Funcionários nesta sexta-feira, dia 5, em Brasília. Não sobrou quase nada da proposta feita pelo banco no dia 14 de setembro, antes da greve, quando havia se comprometido a estender o valor fixo de R$ 30 sobre o salário de ingresso, replicando o mesmo índice sobre toda a curva do PCS. O BB quer aplicar o que o TST (Tribunal Superior do Trabalho) julgou, que é o pagamento dos R$ 30 somente para quem ganha até R$ 1.500, sem mudanças na curva do PCS. Na próxima terça-feira, dia 9, às 11h, haverá nova rodada de negociação, em Brasília.

O banco também tinha garantido o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), no mesmo formato apresentado pela Fenaban, mas com base no lucro semestral. Com isto, o BB creditaria, para todos os funcionários em atividade, 40% do salário mais parcela fixa de R$ 352,50. A PLR seria paga, também, para todos os afastados por acidente de trabalho.

Na proposta de 14 de setembro, o Banco do Brasil também assumiu o compromisso de reduzir a Parcela Previ dos atuais R$ 2.057 para um valor entre R$ 1.480 e R$1.520, garantindo como Benefício Mínimo 30% do valor. Esta redução significava que os associados que se aposentassem hoje, com 30 anos de contribuição à Previ, teriam um ganho mensal entre R$ 577,00 e R$ 537,00. No entanto, o banco retirou a proposta e não vai mexer na Parcela Previ. Além deste item, a direção retirou a cesta alimentação extraordinária, gratificação de caixa, programa de alimentação, indenização por morte ou invalidez decorrentes de assalto, cesta-alimentação, auxílio-creche, auxílio filhos excepcionais ou deficientes físicos. Todas estas cláusulas foram suspensas sob a alegação de que já estão contempladas no acórdão do TST.

Para o diretor do Sindicato e representante dos gaúchos na Comissão de Empresa, Ronaldo Zeni, “o BB continua retaliando os bancários, devido à greve. Queremos um posicionamento mais respeitoso com os funcionários e que não se utilize instrumentos repressivos para retaliar os que optaram pela greve”.

“Uma bomba”. Assim o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários, Marcel Barros, classificou a retomada das negociações com o banco. “O BB rebaixou a proposta, está rasgando tudo o que foi negociado em mais de quatro meses de Campanha Salarial e está apostando no confronto com o funcionalismo”, lamentou.

Antes da greve, o BB se comprometeu a estender o valor fixo de R$ 30 sobre o salário de ingresso, replicando o mesmo índice sobre toda a curva do PCS. “Este critério significava que o índice de reajuste aplicado sobre o salário do E1, de 11,84%, incidiria sobre todas as faixas do PCS, com reflexo nas verbas VP, VCP do VP, Gratificação Semestral. Agora eles querem aplicar somente o que o TST (Tribunal Superior do Trabalho) definiu, que é o pagamento dos R$ 30,00 somente para quem ganha até R$ 1.500, ou seja, não haverá mudanças na curva do PCS”, detalhou Marcel.

O coordenador da Comissão de Empresa avalia que o Banco do Brasil está retaliando os funcionários pela greve histórica da categoria. “Esta é mais uma retaliação entre as muitas que vem ocorrendo pelo Brasil. A posição do banco não ajuda a pacificar o ambiente de trabalho e cria um clima bastante ruim”, afirmou. Marcel destacou que parece haver mais de um banco dentro do BB. “Há um grupo que vem para a negociação e diz que quer resolver a campanha e um outro que cancela férias, proíbe substituição, faz descomissionamentos.”

A Executiva Nacional dos Bancários e a Comissão de Empresa denunciaram estas retaliações no encontro desta sexta-feira e disseram que vão combatê-las com todas as forças. “Até o próximo dia 10 os sindicatos devem realizar assembléias ou plenárias para debater a continuidade da Campanha Salarial e organizar atividades para denunciar a postura do banco de acordo com as suas possibilidades. Precisamos manter tudo o que já conquistamos, nem que para isto seja necessário a retomar a greve”, avisou.

Marcel lamentou que a postura do banco seja a do enfrentamento e ressaltou a posição da Executiva desde o início da greve: “Sempre dissemos que o dissídio era prejudicial, mas a Contec aliada a parte do movimento sindical preferiu dar este tiro no escuro. Agora corremos o risco de perder muitas conquistas”, afirmou.

O sindicalista ressaltou que a história já é conhecida. “Foi assim também no desmonte do PCS e na retirada do anuênio e agora corremos o risco de perder todas estas conquistas com o aval da Contec e daqueles que defenderam a ida ao TST”, finalizou.






189 - 09/11/2004
Alfredo Rossi

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