Aposentados e pensionistas são clientes ‘VIPs’ em cidades do interior


             CAVALCANTE, MONTE ALEGRE DE GOIÁS E CAMPOS BELOS (GO). Os aposentados e pensionistas são clientes "VIPs" no comércio das pequenas cidades brasileiras. Em Goiás, mercados, lojas e farmácias dos municípios de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Campos Belos trabalham com descontos especiais para atrair a clientela preferencial e vendem fiado para quem recebe benefícios da Previdência Social.

— Sem as compras dos aposentados, já teria fechado as portas da minha loja há muito tempo — diz a comerciante Olinda de Abreu, dona de um mercado em Cavalcante.

Ela conta que não se preocupa em vender fiado para aposentados e pensionistas, pois são bons pagadores. Segundo Olinda, a primeira coisa que eles fazem quando recebem o benefício é acertar as contas.

‘Eles representam 70% da nossa clientela e não falham’

Washington Fonseca, gerente de um mercado de Monte Alegre de Goiás, afirma que uma vantagem de vender para aposentados e pensionistas é que eles têm renda garantida todos os meses, e o risco de inadimplência é pequeno:

— Eles representam 70% da nossa clientela e não falham no dia do pagamento.

A farmácia Dom Alano, de Campos Belos, escolheu os aposentados como público-alvo e faz publicidade para esses clientes. A dona da farmácia, Selma Oliveira, conta que adotou o cartão do aposentado, dando descontos de até 10% nas compras de medicamentos e produtos farmacêuticos. Selma diz que os aposentados gostam de receber atenção especial e seus vendedores estão preparados para ouvir os problemas e até dar conselhos:

— Eles chegam aqui e gostam de falar sobre seus problemas. Falam de doença, da família, da solidão e nós tentamos dar uma ajuda.

Para Álvaro Solón, que organiza a pesquisa "Previdência social e a economia dos municípios", outro ponto a favor dos benefícios do INSS é o fato de o dinheiro ser aplicado de acordo com a necessidade de cada aposentado ou pensionista, ao contrário da verba do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que pode sofrer desvios ou ser aplicada com pouca eficiência nas cidades.

Joana Alvarenga, de 76 anos, mora em Cavalcante e usa a sua aposentadoria para sustentar sua família.

— Vivo com dois netos, mas meus filhos sempre vêm aqui e dou uma ajuda com comida.




184 - 07/11/2004
Celeste Viana


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