Aposentadoria: fim da linha ou um novo começar?


             Dizem os estudiosos que quando acendemos o cachimbo, olhamos para o infinito e começamos a contar historia, estamos dizendo que já fomos o ator principal e que a partir desse agora, mesmo ricos de aventuras passadas, também podemos transportar-nos de modo seguro por caminhos obscuros e ainda desconhecido.   

Quando deixamos de caminhar é quando começamos a contar nossas aventuras e fabricamos essencialmente com o passado vivido às historias.

 

Aposentar é o momento de abrirmos as nossas gavetas e avaliarmos as riquezas acumuladas e os fracassos escondidos.    Sendo então, esse momento rico, com ou sem dinheiro, pois podendo assim tornar a viajar com a tranqüilidade de quem já errou muitas vezes e também acertou.

 

É a encruzilhada da nossa vida, onde dependendo do rumo escolhido e da atitude com a qual encaramos os percursos, podemos nos deleitar com novas e belas paisagens ou nos afundar nos pântanos da melancolia.   Essa, como qualquer outra mudança ou marco de vida pode colocar a pessoa de frente com os seus fantasmas, com os seus fracassos, expondo assim esse momento a uma catástrofe ou a uma oportunidade.

 

A omissão, ou melhor, a covardia de encarar o fato consumado, demonstra claramente que potencialmente se é aposentada muito antes de o ser na vida real: uma vida pautada em parâmetros rígidos, organizada por horários regulares, dirigida por uma rotina enfadonha, esperando o salário a cada mês. 

 Dias após dias, meses após meses, anos após anos, expondo de forma nua que não se desenvolveu nenhuma outra área da personalidade, nenhum outro interesse...

 

Assim como há vidas direcionadas para a aventura, há outras que se dirigem para a repetição.    Por isso, as grandes mudanças podem representar um perigo ou uma oportunidade.   O perigo é considerar a aposentadoria como um castigo, porque agora não há mais nada para fazer na vida.   E aí a grande pergunta: - “O que vou fazer”?”   - “ E agora?”

 

Já a oportunidade é a possibilidade de se construir novos projetos ou de retomar antigos sonhos.  

 

Mas o ponto essencial em tudo é a renovação.   Mantendo viva a vitalidade, já que a juventude inexoravelmente se perde, enquanto que a vitalidade se pode conservar para sempre.

 

Prepare-se para a aposentadoria ultrapassando o medo de sentir que já não é mais importante para conscientizar-se de que passou a ser importante de outro modo.  Não tenha medo de encarar a realidade.

 

Reflita e veja as oportunidades que se apresentaram e não se omita, mas encare o fato consumado e vá atrás, obtenha o que já é seu, de direito e de fato.






158 - 25/10/2004
Pedro Gouvea


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