Serviços bancários já cobrem despesa com pessoal


             Praticamente todos os grandes bancos já cobrem os gastos com pessoal com as tarifas cobradas pelos serviços prestados. A virada ocorreu neste ano. Até 2003, isso não acontecia.

No ano passado, a receita de serviços amealhada pelo sistema financeiro totalizou R$ 29,3 bilhões e as despesas de pessoal atingiram R$ 31,7 bilhões. No primeiro trimestre, porém, as duas contas empataram em R$ 7,9 bilhões. Ao final do semestre, as despesas de pessoal chegaram a R$ 16,4 bilhões, superando ligeiramente os R$ 16,1 bilhões arrecadados com tarifas.

Os maiores bancos de varejo mantêm a vantagem. De acordo com levantamento da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, o Bradesco, Itaú, Unibanco, HSBC e Santander Banespa ganham mais com tarifas do que gastam com pessoal. Na média de dez bancos analisados, as receitas de tarifas superam em 11,9% as despesas com pessoal.

As duas contas estão mais próximas porque as despesas de pessoal estão em queda enquanto a receita de tarifas está em ascensão. Com a contenção de custos feita pelos bancos, com demissões e terceirização, os gastos com pessoal dos dez bancos analisados pela EFC caíram de R$ 25,8 bilhões  em 2000 para R$ 21 bilhões em 2003.

No primeiro semestre deste ano, somaram R$ 13,5 bilhões. Enquanto isso, as receitas de serviços subiram de R$ 16,8 bilhões em 2000 para R$ 27,1 bilhões em 2003, e acumularam R$ 15,1 bilhões no primeiro semestre deste ano.

O presidente da EFC, Carlos Daniel Coradi, disse que, desde o Plano Real, os bancos passaram a monitorar mais de perto o preço dos serviços prestados. Antes, isso não o ganho dos bancos com a inflação, o floating, contabilizado como passivo sem encargo ou remuneração, cobria com folga qualquer descompasso.

Depois do Plano Real, "os bancos resolveram substituir o floating pela receita de tarifas", disse Coradi. O analista lembrou que os bancos costumam justificar o aumento das tarifas pela queda do juro. "Mas, o juro não está caindo", ressalvou.

O analista pondera também que os elevados custos dos bancos brasileiros também influem. A relação entre as despesas de pessoal e administrativas e os ativos totais é de 6,5% nos bancos brasileiros para 2,5% nos europeus e 3,8% nos americanos.

Fonte: Valor Econômico - Maria Christina Carvalho




146 - 09/10/2004
Celeste Viana


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