Madri - A Justiça espanhola acusou o chairman do Banco Santander
Central Hispano, Emílio Botín, e outros três executivos da
instituição financeira, por fraude de impostos e falsificação de
documentos, na década de 80.
O processo, aberto pela juíza Teresa Palacio, surge um mês antes do
maior grupo financeiro espanhol assumir o controle do banco britânico Abbey
National.
A aquisição, avaliada em 8,2 bilhões de libras esterlinas
(US$ 14,62 bilhões), será a maior movimentação do setor financeiro da
Europa.
Botín enfrenta sozinho outro processo judicial, e a notícia de
ontem alimenta o debate sobre quem deverá gerenciar o novo banco que irá
emergir da fusão.
Caso seja condenado, o executivo de 69 anos estará sujeito
à sentença máxima de quatro anos de prisão.
Ainda não há uma data para o julgamento, mas os advogados
envolvidos no caso dizem que Botín pode ser submetido à corte em 2005.
O Santander, que é o maior grupo financeiro da Espanha em termos de
ativos, não comentou a notícia, embora tenha negado o fato repetidas
vezes no passado.
Uma investigação de doze anos encerrada há mais de um ano
sustenta que o Santander não pagou impostos referentes aos juros oferecidos
a clientes entre 1987 e 1989. Durante este período, o banco teria
usado artifícios legais para propor produtos que não eram sujeitos à
cobrança de impostos.
O Santander publicou nota negando as acusações, e alegou que
sempre agiu conforme a lei. Segundo a Justiça espanhola, a receita do
Tesouro da Espanha perdeu 67,8 milhões de euros (US$ 83,5 milhões) com
a suposta fraude.
Em outra ação, a juíza Palacio acusa Botín de ter pago, ilegalmente,
164 milhões de euros (US$ 201 milhões) aos dois principais executivos
do Banco Central Hispano, em 1999, quando este se uniu ao Banco
Santander.
Um promotor público da Espanha pediu a anulação dos dois casos
contra Botín, citando a falta de evidências que o incriminem. Entretanto, a
corte judicial pode seguir com o processo, já que a juíza Palacio
tem poderes equivalentes aos dos promotores do país.
Ana Sílvia Morais
Agencia Estado -
07/10/2004