Bancários decidem reduzir proposta de reajuste, mas greve prossegue



A Executiva Nacional dos Bancários decidiu nesta segunda-feira fazer uma contraproposta para a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), com o objetivo de reabrir a negociação com os bancos. É a primeira vez desde o início da greve que uma das partes cede.

Os bancários analisaram seis propostas apresentadas em assembléias regionais e definiram por um reajuste de 19%. Anteriormente, o índice solicitado era de 25%. A Executiva também vai reivindicar um abono de R$ 1.500 para todos os bancários e o não desconto dos dias parados.

Para os funcionários dos bancos públicos, a Executiva Nacional solicita a reabertura das negociações dos pontos específicos com as direções de BB, CEF, Basa e BNB.

As reivindicações são as mesmas definidas nos congressos específicos e já encaminhadas aos bancos. "Vale ressaltar que a nossa Campanha Salarial é unificada. Mas existem negociações específicas que queremos avançar com os bancos públicos, tanto os federais como os federalizados", disse Vagner Freitas, presidente da CNB/CUT e coordenador da Executiva Nacional dos Bancários.

Os bancários vão enviar ainda hoje uma carta ao presidente da Fenaban, Márcio Cypriano, e para as direções dos bancos públicos com a contraproposta e o pedido de reabertura das negociações. Ainda vai enviar uma carta à Presidência da República, solicitando uma audiência com Lula.

A Executiva Nacional dos Bancários também decidiu visitar nesta terça-feira o Congresso Nacional, a Esplanada dos Ministérios e o Palácio do Planalto para conquistar apoio de deputados, senadores e ministros.

No vigésimo dia de greve dos bancários, a paralisação prossegue sem que nenhuma das partes tenha solicitado à Justiça do Trabalho o pedido de dissídio coletivo. O pedido pode ser feito a qualquer momento, caso se entenda que a sociedade está sendo prejudicada pela greve, que é parcial.

De acordo com o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Vantuil Abdala, se o dissídio coletivo for pedido, a greve acaba em 10 ou 15 dias.

Em São Paulo, os bancários decidiram mais uma vez manter a greve após assembléia realizada hoje, às 16h, com a participação de 1.200 profissionais. Amanhã, a categoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região fazem nova assembléia no centro da capital paulista, às 16h, seguida de passeata no mesmo local.

Desde 1991 não havia uma greve tão longa. Por causa disso, segundo o secretário-geral do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, Jair Ferreira, o corte de ponto deverá ser discutido entre as partes.

"Há 13 anos não tínhamos uma greve dessa dimensão. Além das nossas reivindicações temos que incluir na pauta a negociação do desconto dos salários", disse.

Para Ferreira, os bancos não têm facilitado as negociações. "Hoje, nós tínhamos uma reunião com os banqueiros, mas depois da reunião de sexta-feira no TST nós desmarcamos. Não vale a pena. Eles não querem alterar os números já apresentados". Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários Jacy Afonso de Mello, "as mobilizações continuam até que seja feita alguma negociação".

Na última sexta-feira, representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) reuniram-se com o presidente do TST para chegar a um acordo para o fim da greve. Os banqueiros não aceitaram a reivindicação da categoria, que optou por continuar a paralisação.

Os sindicalistas divergem, no entanto, ao avaliarem os efeitos da greve sobre a população. Para Ferreira, a sociedade não está sendo prejudicada. "Cerca de 80% dos trabalhos do dia-a-dia, como pagamento de contas, se resolvem nos auto-atendimentos", avalia. Já o presidente do sindicato acredita que a greve esteja afetando as pessoas. "É claro que a população sente, por isso queremos chegar a uma negociação logo", conclui.

Agência Brasil




131 - 04/10/2004
Lene


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