A internet já está ultrapassando as agências bancárias na
preferência dos clientes. Segundo a Federação Brasileira das Associações dos
Bancos (Febraban) são 13 milhões de clientes usando a internet para movimentar
suas contas no país. O número inclui tanto as pessoas que têm micro
ligado à internet em casa, quanto os que apenas usam os computadores da empresa
em que trabalham.
Há algum tempo as operações bancárias nos
caixas eletrônicos já haviam ultrapassado as tradicionais, mostra a Febraban.
Mas, agora, pelo menos nos maiores bancos do país, a internet vem ocupando maior
espaço, segundo os principais executivos dessas instituições.
No Banco
do Brasil, 23% das 241 milhões de transações realizadas em maio foram em canais
virtuais (internet, palm top , celular wap ), enquanto só 18%
passaram pelos caixas. As demais foram em terminais e caixas eletrônicos. Em
dezembro de 2000, os caixas tradicionais atendiam 35% das transações, enquanto
apenas 17,5% delas passavam pela rede. Segundo executivos dos bancos, essa
proporção se repete nos maiores bancos de varejo.
De acordo com a
Febraban, o total de clientes conectados subiu de 3,1 milhões, em 1998, para 13
milhões, num país que possui 52 milhões de contas bancárias. Entre 2000 e 2001,
a relação virtual dos clientes com os bancos cresceu 121,9%. No mesmo período,
as transações nos caixas eletrônicos aumentaram 11,7% e nos caixas comuns, 29%.
Expansão começou no ano 2000 O boom de transações
bancárias pela internet foi ajudado pela simplificação dos serviços na rede. Em
1999, segundo a Febraban, essas operações dependiam dos CDs e disquetes com
programas que eram distribuídos aos correntistas. Em 2000, os bancos começaram a
permitir que as transações fossem feitas diretamente pela internet, estimulando
os clientes a migrar dos antigos sistemas para o novo.
O diretor de
Produtos Especiais do Bradesco, Cândido Leonelli, afirmou que o desafio no banco
é aumentar as transações envolvendo dinheiro pela internet, que atualmente
representam 20% do total de operações feitas pelos clientes da instituição na
rede. Cerca de 80% dos acessos à internet ainda são simples consultas de saldos
e extratos. Segundo ele, o Bradesco vem registrando, em média, cinco mil
novos clientes internautas por dia.
— Dos 4,2 milhões de
internautas no Bradesco, 500 mil já fazem seus investimentos por meio do nosso
Shopinvest. Há casos de clientes que fazem 180 transações de compra e venda de
ações na bolsa por semana — afirma Leonelli.
A mudança nos hábitos é mais visível quando se observa que
a internet já compete com as agências durante o horário de funcionamento e não
mais após o expediente.
— A maior parte dos acessos à internet
ocorre entre 8h e meio-dia e em torno das 18h. É uma evidência do uso da
internet no trabalho. As pessoas estão indo menos ao banco na hora do almoço —
disse o gerente da Divisão de Marketing do Banco do Brasil, Hideraldo Dwight.
O diretor de internet do Unibanco,
Marcelo Tonhazolo, disse que os bancos estão cobrando tarifas diferenciadas para
atrair os clientes para a internet. Um DOC no Unibanco custa R$ 10 no caixa da
agência e R$ 3,50 na internet.
— Com o tempo, o cliente se
torna receptivo a produtos mais complexos — diz o diretor do Unibanco, que tem
770 mil dos seus 3,5 milhões de clientes no internet banking .
Pela comodidade do serviço, o diplomata Alexandre Brasil aderiu ao banco
pela internet já nos primeiros tempos de implantação, em 1998:
— O maior
problema das agências são as filas e horários. Não faço mais nada de serviço
bancário sem internet, a não ser que tenha que ir obrigatoriamente ao banco, por
algum motivo, como sacar dinheiro.
Segundo o diretor do Bradesco, o
Deutsche Bank fez uma pesquisa mundial e concluiu que no futuro os bancos terão
60% das transações em multimeios, 20% na internet e as demais 20% continuarão
nas tradicionais agências. Nos EUA, a consultoria McKinsey Quartely estima que,
em 2003, pelo menos 25 milhões de correntistas movimentarão suas contas on-line.
E na Europa, a consultoria Datamonitor informa que o mercado de bancos pela
internet deve chegar a US$ 5 bilhões em 2005.
O Globo - Enio Vieira
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