Justiça do Rio garante greve Sindicato dos bancários promete esquema de pagamento a aposentados. Presidente do TST teme radicalização e busca diálogo |
- A decisão do juiz é um antídoto para a de São Paulo e vai fortalecer a greve, um direito previsto na Constituição - comemorou o advogado José Luis Campos Xavier, que representa os bancários do Rio.
A liminar ainda impede o desconto dos dias parados ou a demissão de quem aderiu à greve, que atinge cerca de 200 mil bancários em todo o país.
Em assembléia no fim da tarde, os bancários do Rio decidiram criar um esquema para permitir o pagamento de aposentados e pensionistas. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Alexandre Costa, em cada agência quatro funcionários serão destacados para atender os idosos.
- Não queremos prejudicar os aposentados - afirmou.
A disputa em torno da greve, porém, extrapola as divergências entre patrões e empregados. A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) protocolou, ontem, notificação extrajudicial contra a Federação Brasileira de Bancos, o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e a Associação dos Bancos do Rio de Janeiro exigindo que assegurem a prestação de serviços bancários.
- Se em 48 horas a prestação dos serviços não for garantida, vamos buscar as medidas necessárias para a aplicação de uma multa diária a ser determinada pela Justiça - antecipou a advogada Gisela Pimenta Gadelha, da Firjan.
De acordo com pesquisa feita pela Firjan, 64% das empresas do setor foram afetadas pela paralisação. Entre os problemas apontados, 56% dos industriais se queixaram da impossibilidade de pagar seus fornecedores nos prazos acordados. Multas e juros pagos por atrasos de compromissos foram a queixa de 29% dos 170 entrevistados. A pesquisa da Firjan destaca ainda que 87% das empresas fluminenses consideram que a continuidade da greve poderá acentuar ainda mais os problemas apontados.
Com o impasse nas negociações, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Vantuil Abdala, assumiu ontem, em caráter informal, a mediação entre bancários e banqueiros. Abdala quer promover um encontro entre o comando da greve - que completou ontem 16 dias - e a Febraban já na segunda-feira. Os banqueiros também foram convidados para uma reunião, hoje, no TST.
- Temos de evitar o dissídio e chegar a uma solução negociada, pois a greve dos bancos chegou a um ponto perigoso e delicado, com o distanciamento das partes, que radicalizaram suas posições e interromperam o diálogo - afirmou Abdala, depois de reunião de quase duas horas com o presidente da Confederação Nacional dos Bancários, Vagner Freitas, e os principais líderes dos grevistas.
O ministro Abdala criticou indiretamente a decisão do vice-presidente do TRT-SP, Pedro Manus, que ordenou a reabertura das agências paulistas, com a presença de pelo menos 60% dos empregados.
- Não cabe ao presidente do TST falar de decisão de um TRT. Mas é inconveniente a tentativa de uma solução regional. A melhor solução é a global e negociada - opinou.
O presidente do TST convidou os dirigentes do movimento grevista para uma reunião ontem à tarde e disse estar convencido de que os bancários estão dispostos a retomar as negociações, ''embora cientes de que têm de ceder em alguma coisa, assim como o outro lado também tem de ceder''.
Os empregados dos bancos privados reivindicam um reajuste de 25%, isonomia de tratamento com os bancos públicos e agências abertas das 9h às 17h, a fim de melhorar o atendimento e criar mais um turno de trabalho e empregos. Os banqueiros não admitem dar um reajuste superior a 12,8%, em média.
O presidente da Confederação Nacional dos Bancários, Vagner Freitas, falou em nome do presidente da Associação de Funcionários do Banco do Brasil, Valmir Camilo, e dos presidentes dos sindicatos de bancários de Brasília e do Rio, também presentes ao encontro com o ministro Abdala.
- Temos interesse em resolver o conflito, e estamos tentando reabrir as negociações, sem que os banqueiros respondam aos nossos acenos - afirmou Freitas. - Temos sofrido violências das polícias militares e achamos positiva a oferta de mediação. JORNAL DO BRASIL
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