Bancários mantêm greve, mas admitem reajuste menor


Os bancários de São Paulo decidiram continuar ignorando a decisão da Justiça do Trabalho e vão manter a greve da categoria por tempo indeterminado. No entanto, parte da categoria já admite apresentar uma contraproposta salarial para a Fenaban com uma reivindicação de reajuste menor do que a pedida anteriormente.

A contraproposta pede 19% de reajuste. Foi o mesmo índice aprovado pelos bancários de Porto Alegre (RS). Os bancários pediam antes 25%.

Com a decisão tomada em assembléia hoje à noite, a mobilização completa 17 dias amanhã.

Em outras localidades, os bancários também aprovaram a manutenção da greve. Pelos cálculos da CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários), a paralisação atinge 24 capitais. Essa é a maior greve já realizada pela categoria desde 1990.

Segundo o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Dirceu Travesso, a categoria espera pela reabertura das negociações com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

"Aprovamos em assembléia uma contraproposta para ser apresentada para a Fenaban. A proposta será analisada pela Executiva Nacional dos Bancários", disse ele, que concorre pelo PSTU à Prefeitura de São Paulo.

Em Brasília (DF), o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Vantuil Abdala, afirmou que espera que o conflito trabalhista seja resolvido de forma negociada e não nos tribunais. Ele se reúne amanhã com representantes da Fenaban.

Hoje, após se reunir com bancários, Abdala disse que a paralisação chegou a um ponto perigoso devido ao "distanciamento das partes".

"Quando isso acontece, a tendência de ambas as partes é de radicalizar e cada um firmar uma posição e não ceder", afirmou.

Em São Paulo, o sindicato protocolou uma medida cautelar para tentar derrubar a liminar concedida ontem pelo TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo.

O Tribunal determinou a abertura de todas as agências do Estado. Também ordenou que a greve atinja, no máximo, 40% dos funcionários de cada agência. O descumprimento da decisão pode implicar em multa diária de R$ 200 mil.

Os bancários reivindicam 25% de reajuste salarial. Os bancos ofereceram 8,5% de aumento e mais adicional de R$ 30 para quem ganha até R$ 1.500 por mês.

Proposta alternativa

A contraproposta alternativa --que ainda precisa passar pela Executiva dos Bancários-- pede 19% de reajuste, abono de R$ 1.500, pagamento dos dias parados e abertura de negociação sobre as reivindicações específicas dos funcionários do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Segundo Travesso, a idéia é resolver o conflito agora e deixar para negociar outras pendências agora. "Os bancos, o governo e a Justiça estão contra a greve neste momento. Todos querem nos desmobilizar. É hora de mostrar que não somos intransigentes e que não estamos contra a população."

FABIANA FUTEMA da Folha Online




123 - 30/09/2004
Cláudio José


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