Espanhóis ou Portugueses? | |
| Acabo de receber o valor
correspondente à diferença de juros do FGTS (de 3 para 6%), uma importância
razoável, que me chega em muito boa hora e que eu deveria deixar aplicada no
Banespa, agora sob o domínio do grupo espanhol Santander. Mas não. Embora o
Banespa tivesse sido o meu único Banco, desde novembro de 1966, a partir dos
prejuízos salariais e trabalhistas e das notórias más intenções do grupo para
comigo, decidi que vou cortar aos poucos o cordão umbilical que me
prendia ao saudoso Banco do Estado de São Paulo.
Conta a História que os antigos
conquistadores espanhóis aportaram no continente da América do Sul para pilhar
riquezas e impor sua colonização cultural, empreitada que somente no Brasil não
foi bem sucedida, haja vista que somos o único país destas bandas a não falar a
lingua deles.
Tinhosos e persistentes, eis que
eles retornam agora, adquirindo empresas nacionais, e até mesmo
interferindo em nossas Leis internas, na tentativa de nos impor a nova forma de
colonialismo descoberta pela globalização: a dominação
econômica.
Nossos primeiros colonizadores,
os simpáticos portugueses, ao chegarem aqui muito antes,
estabeleceram a colonização cultural da qual não pretendemos abrir
mão.
Faço este breve intróito, para
justificar o fato de nós, Aposentados e Pensionistas, antigos
funcionários e clientes cativos do Banco do Estado de São
Paulo, estarmos sendo hostilizados e prejudicados em nossos direitos
trabalhistas, pelos novos "donos" do saudoso agente financeiro do Estado de
São Paulo. Em assim sendo, somos compelidos a cortejar outros Bancos, fazendo
migrar para eles nossas contas correntes, aplicações financeiras, seguros,
débitos em conta, etc.
Quando fui receber a benvinda
importância da ação do FGTS, encontrei no prédio da Justiça Federal de Campinas
o exemplo acabado de como deve proceder uma moderna empresa do sistema
financeiro nacional, até mesmo em suas relações com os - digamos -
"adversários".
Figurando como "Reclamada" em
milhares (ou milhões) de ações judiciais em todo o país, mas vislumbrando a
oportunidade de parceria não apenas com os "Reclamantes", mas também com a
própria Justiça, sua algoz, a Caixa Federal demonstrando clara visão de mercado
optou por abrir postos de atendimento nas dependências do próprio Juizado,
a fim de batalhar em prol da manutenção em seus ativos das
importâncias que a Justiça a faz devolver aos trabalhadores
prejudicados.
Deixei lá o meu dinheiro, até
porque, entre outras "mordomias", foi-me concedida isenção total de tarifas
bancárias.
Enquanto isso, os espanhós do
Santander seguem rumo oposto, deixando escapar preciosa
oportunidade de parceria com os velhos Banespianos, funcionários
devotados que, desde o primeiro instante da privatização se mostraram dispostos
a vestir a camisa dos novos "donos", para ajudá-los a conquistar o topo do
mercado financeiro nacional.
Nossos antigos colonizadores
portugueses, em sua simplicidade, foram mais sábios e mais humanos ao nos
legarem o patrimônio cultural que hoje nos orgulhamos de ostentar. Ao longo
do tempo e em razão da boa índole e do espírito humorístico dos
brasileiros, acabaram ganhando a carinhosa alcunha de "burros", sempre no
bom sentido da comparação, porque esse animal, antes de tudo, personifica
valores de humildade, obediência, mansidão, força e capacidade de
trabalho.
Acho que precisamos rever com
urgência esse procedimento, porque tenho a impressão de que os
teimosos neocolonizadores do Santander, ao voltarem as costas para uma
importante parcela de seus clientes cativos, fazem por merecer com muito mais
propriedade essa comparação.
No mau sentido, é
claro...
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