Governo nega pedido de bancários grevistas


            BRASÍLIA - Representado pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, o governo negou o pedido de apoio aos bancários nas negociações por reajuste salarial feito por três entidades que representam a categoria. Wagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB, ligada à CUT), afirmou que "poderia ter havido uma posição mais firme do governo" na questão da greve.

Para ele, a recusa do governo de ajudar o movimento, por intermédio da reabertura das negociações do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, "fortalece a truculência dos bancos nas negociações".

Perguntado a que truculência se referia, Freitas afirmou que referia-se ao uso da força policial na entrada dos bancos, entre outras medidas, e sobretudo à recusa dos patrões em negociar.

Berzoini, um bancário de origem e ex-sindicalista, não participou da entrevista à imprensa, mas teria dito, segundo o grupo de sindicalistas presentes à reunião, que há maturidade suficiente para que bancários e bancos cheguem a um acordo sozinhos e por isso o governo não fará uma intervenção no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal.

Os grevistas afirmam que a paralisação atinge 24 estados e cerca de 200 mil trabalhadores estão de braços cruzados.

A estimativa da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) é de que apenas 6% das agências e postos de atendimento dos bancos privados tinham sido afetados pela paralisação.

Os bancos privados continuam recorrendo à Justiça para garantir o mecanismo chamado "interdito proibitório", que inibe a realização de piquetes nas portas das agências. Os sindicalistas discutiram com o ministro o uso pelos bancos desse instrumento, que garante a entrada e saída de clientes e funcionários das agências e, em alguns casos, com presença policial.

A CNB afirma que não houve retomada de negociações com os bancos. A Federação Nacional de Bancos (Fenaban) quer que a greve seja julgada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).

As duas partes mantêm suas posições. A categoria reivindica reposição da inflação mais aumento real de 17,68%, participação nos lucros e resultados e mais R$ 1.200. Os bancos oferecem reajuste salarial de 8,5% mais R$ 30 para quem ganha salários até R$ 1.500 - o que implicaria em reajustes de até 12,77% e aumento real de 5,75%. Para os trabalhadores que ganham mais de R$ 1.500, o reajuste sugerido era de 8,5%.

Em São Paulo, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) não convocou ainda audiência de conciliação entre as partes, passo que seria anterior à instauração de dissídio para julgar o reajuste da categoria e a greve. Bancos e bancários consideram que está sendo cumprido o acerto em torno da manutenção de 70% dos serviços bancários à população.





108 - 25/09/2004
Cleide Nascimento


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