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Saiba mais sobre a LER/Dort


                     A grande dificuldade para a prevenção é a desinformação por parte dos superiores e o medo do desemprego

As lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort) são siglas que abrigam diversas doenças, tais como tendinite, tenossenovite, bursite, síndrome do túnel do carpo, entre outras.

As LER são a segunda causa de afastamento do trabalho, segundo dados fornecidos pelo INSS, sendo de maior prevalência entre as relacionadas com o trabalho, em nosso país. Individualmente, causam muito sofrimento, incapacidades e longos períodos de afastamento, com benefícios e indenizações.

O trabalhador acometido sofre e tem sua vida profissional desestabilizada no auge de sua produtividade e experiência profissional. Existe maior incidência na faixa etária de 30 a 40 anos e o maior número de casos é registrado entre as mulheres, que são mais vulneráveis ao surgimento das LER.

As empresas, o governo e os trabalhadores perdem com o afastamento temporário ou permanente. Há que se pensar em termos empresariais, sociais e humanos para lutarmos contra essas doenças somáticas e invisíveis, que acarretam ao trabalhador um grande sofrimento físico e psíquico.

As categorias profissionais que encabeçam as estatísticas são: bancários, metalúrgicos, digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing, secretárias, jornalistas, setor administrativo, entre outros.

A única saída que temos para evitar essa síndrome é agirmos com sabedoria e conscientização sobre as LER, o estresse e a importância de uma boa qualidade de vida no trabalho e no cotidiano por parte de todos. Algumas pessoas pensam que só investir em ergonomia e a mera troca de mobiliário resolvem o problema e/ou que só fazer a ginástica no ambiente de trabalho já livra dessa síndrome que incapacita milhares de trabalhadores, comprometendo seu desempenho e atividade laboral, seu convívio familiar, social e econômico.

Para se prevenir das LER, basta estar atento à somatização dos vários fatores desencadeantes. Seguem algumas informações de grande importância para a prevenção. Todos os trabalhadores precisam estar conscientizados e sensibilizados sobre as LER e o estresse e quais os seus sintomas. Os sintomas mais freqüentes das LER são: diminuição da força muscular, formigamento, dificuldade para encostar a ponta de um dedo em outra, alteração da sensibilidade, sensação de peso no membro afetado e perda de controle de movimentos.

Com relação ao trabalho, atenção ao excesso de horas trabalhadas por dia e por um longo período, tarefas repetitivas e monótonas ou com uma certa sobrecarga tensional, pressão da chefia, obrigação de manter um ritmo de trabalho acelerado, posturas viciosas e incorretas durante a maior parte das tarefas, ficar muito tempo sentado (mesmo que com um bom mobiliário), ausência de pausas ou micropausas para descanso do sistema músculo-esquelético e recuperação do desgaste físico e psíquico (mental e emocional).

É recomendável parar de se cobrar quando estiver com alguma pendência e de se culpar por algum problema mal resolvido, evitar o estresse desnecessário, ter uma boa comunicação com todos da empresa (desde o mais simples até o mais alto nível hierárquico), fazer alternância de tarefas para mudar o grupo muscular no trabalho e não sobrecarregá-lo (caso haja possibilidade). Em caso de qualquer sinal de dor com relação à atividade de trabalho, tome providência o mais rápido possível, para não deixar agravar o quadro do sintoma e possível lesão.

A grande dificuldade para a prevenção é a desinformação por parte dos superiores e o medo do desemprego, o que leva muitas pessoas a ocultar a dor. Quando há entendimento por parte da empresa sobre as LER/Dort, não há medo entre os trabalhadores, mas sim uma troca de informação para resolução do problema. No estágio inicial, de fácil cura, uma simples troca de atividade por um período pode ser suficiente para a recuperação. É preciso estar atento ao ritmo, à intensidade e ao número de repetições da tarefa.

O ideal, durante as pausas ou micropausas, é fazer uma ginástica laboral ou alguns exercícios de compensação e relaxamento específico e direcionado. Assim, atua-se de forma preventiva e terapêutica, devido à carga psicossomática dos multifatores do cotidiano, amenizando o estresse no organismo, aumentando sua resistência imunológica e diminuindo a suscetibilidade ao surgimento das LER.

Outro fator de extrema importância para auxiliar na prevenção e no tratamento dessas lesões é buscar sempre uma vida mais sociável e saudável nas relações interpessoais, mais harmonia no lar e com os entes queridos, além de estabelecer a prática regular de uma atividade física fora do trabalho, proporcionando uma vida ativa e saudável ao longo dos anos. Pratique regularmente alguma atividade física que lhe dê prazer, bem-estar, maior estado de calma, vitalidade e longevidade. Essa atividade deve ser feita sem sobrecarregar o corpo e sim beneficiá-lo (caminhada, ciclismo, hidroginástica, hidroterapia, exercícios leves com pesos e supervisionado, alongamento e relaxamento). Depois de aprender alguns movimentos, pode-se aplicá-los no trabalho durante as pausas ou micropausas (principalmente alongamento e relaxamento), ajudando a desestressar o sistema músculo-esquelético sobrecarregado e melhorando os nutrientes para o bom desempenho das atividades laborais.

Com a prática regular das atividades fora do trabalho e prevenindo todos os possíveis fatores citados acima, as chances de desenvolver as LER/ Dort são insignificantes.

Precisamos investir mais na qualidade de vida das pessoas, que são o grande patrimônio e o sucesso das empresas. Quem tem boa qualidade de vida dificilmente terá problemas de LER/Dort.

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Maria José Americano, 48, jornalista, é presidente do Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort.

André de Oliveira, 32, professor de ginástica laboral, é coordenador do Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort.

Fonte: Folha de S.Paulo

João ... ... l018 - 07/03/2005



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