Fobia social
Vergonha exacerbada acarreta graves prejuízos para a qualidade de vida Por Marco Antonio De Tommaso Toda vez que tem uma chamada oral na classe fico apavorado. Tenho medo de ser ridículo, de me dar branco. Sofro a semana toda e na véspera não consigo dormir. Se puder, falto" (L 17a) "Para ir ao clube ou a uma festa ou para me reunir com o pessoal preciso tomar duas vodkas e só depois vem a coragem" (M.L. 20 a) "Tirei meu chefe como amigo secreto. Ficava nervoso só de pensar na festa. Comprei um bom presente mas não tive coragem de me identificar. Ele me perguntou se era eu mas neguei. Morria de vergonha e até hoje ninguém sabe quem deu aquele presente" (L.R. 28a) Fobia Social é caracterizada por medo persistente de uma ou mais situações sociais em que a pessoa e seu comportamento possam ser avaliados pelos outros. Em outras palavras, medo de não ser aceito, de ser rejeitado ou reprovado, de fazer ou dizer algo inadequado. Há dois tipos de fobia social. A fobia social Específica envolve uma ou poucas áreas de medo, desconforto e evitação. As principais situações sociais temidas são falar em público, entreter um grupo, participar de reuniões sociais , comer em público, escrever em público, usar banheiros públicos, falar ou sair com pessoas do sexo oposto, fazer exames ou escrever sob pressão. A fobia social generalizada é mais grave e envolve medo de grande variedade de situações sociais. A fobia social envolve sintomas físicos (suor, tremor, rubor, taquicardia, etc), psicológicos (pensamentos negativos, apreensão, sensação de terror etc) e comportamentais (fuga, evitação e parada da ação e do pensamento). Muito se tem pesquisado em fobia social e não há consenso acerca das causas. A posição atualmente mais aceita é que as pessoas teriam uma vulnerabilidade psico-biológica, que apareceria quando outros fatores ambientais entram em jogo. Estes fatores, uma vez atuando juntos, fazem com que, progressivamente, a fobia social piore. Os pensamentos negativos acerca de uma situação temida aumentam sua chance de aparecimento e sua gravidade, levando a um agravamento dos medos sociais. A fobia social "não melhora sozinha", ao contrário, agrava-se com o tempo, podendo restringir e incapacitar a vida de uma pessoa. Abre porta para outros transtornos de ansiedade e de personalidade, depressão, alcoolismo, uso de drogas. 14% dos fóbicos sociais tentam suicídio. Acarreta grave prejuízo para a qualidade de vida da pessoa. Existem tratamentos comprovadamente eficazes para o tratamento da fobia social, promovendo a readaptação da pessoa. Marco Antonio De Tommaso é psicólogo clínico pela Universidade de São Paulo, psicoterapeuta Especializado em Adolescentes e Adultos e membro da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade.
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