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As expectativas de futuro para quem deixou para planejar a aposentadoria aos 50 anos

       

Quem chegou aos 50 sem pensar em um futuro financeiro precisa encarar o paralisante medo da perda do poder aquisitivo, para conseguir planejar uma velhice digna. Como viver o luto pela perda de possibilidades financeiras a tempo de pensar no futuro e em uma velhice sustentável? Não há fórmulas mágicas, ressaltam consultores em finanças, mas mesmo quem não passou a vida depositando moedas no cofrinho tem alternativas. A ordem é avaliar cada uma delas já.

São cada vez menos os que contam com a sorte de um modelo de previdência pública que atenda ao padrão de vida anterior. Menor ainda é o número dos que pensaram desde cedo em garantir uma velhice muito bem sucedida economicamente. O resultado costuma ser o empobrecimento com o passar dos anos, como vêm acontecendo com a maioria da classe média. Por isso, para a consultora em finanças Lilian Gallagher, autora de "Como aumentar seu patrimônio", da Editora Campos, quem não se planejou para ter uma saúde financeira deveria pensar que a sensação de fracasso não é individual, mas de todo um modelo de gestão pública da previdência.

"Nossa sociedade associa o dinheiro ao sucesso e é muito doloroso diminuir o padrão de vida e deixar de consumir". Para ela, pensar em termos de um movimento coletivo de diminuição da renda no envelhecimento ajuda a diminuir a culpa pelo empobrecimento e a se preparar a tempo para o futuro.

Para o coordenador do MBA em Finanças do IBMEC-RJ, Roberto Zentgraf, não existe fórmula mágica para planejar o envelhecimento. É preciso pensar sobre as prioridades e começar a cortar gastos desde já. "Pelo menos, quem não quiser passar uma velhice apertada", diz. "É triste, mas somos muitos fazendo o mesmo", pondera Lilian.

O empresário Cláudio Nasajon acredita que quem chegou aos 50 com um patrimônio insuficiente para uma velhice confortável deve considerar a possibilidade de arriscar parte de seus investimentos em sonhos de empreendimentos. Ele, por exemplo, investe no empreendedorismo universitário, as chamadas incubadoras de empresas. "É uma experiência arriscada pois envolve perda completa do investimento, por outro lado, pode render muito mais do que qualquer outro investimento. Com sorte, pode-se receber mais de 100% de retorno", diz. Ele cita o caso da incubadora de empresas da PUC-Rio, onde trabalha, em que 98% de casos bem sucedidos, enquanto em mercado aberto apenas 23% das empresas sobrevivem nos três primeiros anos

Cláudio lembra que muitas dessas empresas abrem espaço para os investidores mais experientes ajudarem como consultores. "É a união do sonho de trabalhar com que se gosta com o de se tornar investidor. Da experiência dos investidores mais velhos que pouparam durante toda a vida com a energia da juventude universitária, ansiosa para realizar seus projetos", diz. O consultor Roberto Zentgraf acredita que não vale a pena se arriscar aos 50. "O tempo é curto para recuperar a perda", explica.

Na opinião Lilian Gallagher, para aqueles que prevêem diminuição de padrão de riqueza na velhice, o que vale é planejar o futuro com cautela, para superar a perda dos vários ideais de consumo que se constrói durante os anos. "Resta a esperança de que planejamento financeiro permita a realização de sonhos paralelos", diz Lilian. Por isso, ela prefere apostar em coisas mais seguras, como a contribuição para a previdência privada. "Ainda dá tempo", acredita.

Simone Muniz

Álvaro ... d61 -05/05/2004



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