Como o francês mantém dietas com alto teor de gordura e
mesmo assim ter uma menor incidência de doenças coronárias comparadas às
pessoas de outros países? Os pesquisadores em todo o mundo têm tentado
descobrir a solução desse enigma, conhecido como o "Paradoxo
francês". A resposta, segundo alguns pesquisadores, é o consumo de vinho tinto durante as refeições. Vários estudos têm demonstrado que o consumo moderado de álcool reduz o risco de morte por doenças coronárias. O álcool aumenta do nível de HDL ("bom" colesterol) no organismo, que mantém as artérias livres do surgimento de placas e alguns estudos sugerem que o vinho tinto é a forma mais eficiente para isso. Alguns pesquisadores especulam que os efeitos cardio-protetores do vinho tinto têm origem na sua alta concentração de flavonóides - um composto antioxidante naturalmente encontrado nas frutas, vegetais e chás preto e verde. E o vinho deve ser tinto; o vinho branco não tem uma alta concentração de flavonóides. Os flavonóides, proteína encontrada em grãos, levedos e frutas, sobretudo na casca de uvas vermelhas e no vinho tinto podem ser tão eficazes quanto a vitamina E na proteção das artérias. Em uma série de testes, os vinhos tintos continham 10 vezes mais flavonóides do que os vinhos brancos e evitaram a formação de placas de gordura nas artérias coronárias pelo HDL entre 46% a 100%, comparados com entre 3% e 6% dos vinhos brancos. Os flavonóides inibem a formação de coágulos sanguíneos, reduzindo o risco do endurecimento das artérias que pode se transformar em problemas vasculares e em infarto. Alguns estudos demonstraram que os flavonóides encontrados no vinho tinto têm propriedades antiplaquetas e antioxidantes mais fortes do que aquelas encontradas em outras bebidas alcoólicas. Essas mesmas propriedades são encontradas no suco de uva roxa ou vermelha, embora ele tenha cerca da metade do volume de flavonóides do vinho tinto. O vinho tinto ainda é a bebida ideal Entretanto, os pesquisadores ainda não têm certeza se o vinho tinto é a resposta para o "Paradoxo francês". Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard demonstrou que um drinque ou dois por dia diminui o risco de infarto pela metade, mas não importa que tipo de bebida alcoólica a pessoa beba. Vinho, cerveja e licor foram igualmente eficientes. No estudo da Harvard, beber qualquer tipo de bebida alcoólica aumenta o nível do HDL em 10% e os pesquisadores atribuíram a redução do risco de doenças cardíacas na população em geral a esse aumento. Depois de acompanhar 21.000 homens saudáveis, com idade entre 40 e 84 anos, os pesquisadores concluíram que o consumo de 30 gramas de álcool (o equivalente a duas taças de vinho, duas latinhas de cerveja ou duas doses de uisque), de cinco a seis vezes por semana, reduz em 79% os riscos de infarto. O resultado foi publicado na última edição da revista Circulation, da Sociedade Americana de Cardiologia. Entusiasmados com os resultados, os médicos investigaram os efeitos sobre o cérebro. Concluíram que um drinque semanal diminui em 21% o perigo de isquemia cerebral, a suspensão da irrigação sanguínea para o cérebro. Contudo, o vinho tinto ainda é a bebida escolhida, mas deve-se beber com moderação (uma taça para mulher e duas taças para homem por dia). Tomar qualquer tipo de bebida alcoólica em demasia traz seu próprio conjunto de fatores de risco, principalmente os danos ao fígado. "Se usado com bom senso, o álcool pode ser considerado um remédio", atesta o cardiologista carioca José Geraldo de Castro. Sem moderação, o álcool é um perigo. Além de diminuir a proteção ao coração (veja quadro abaixo), aumenta os riscos de hipertensão, complicações de diabetes e problemas hepáticos. "Além, é óbvio, de poder levar ao alcoolismo", adverte o epidemiologista gaúcho Aloysio Achutti. Se você, atualmente, já toma bebida alcoólica, você deveria passar a tomar vinho moderadamente, principalmente , qualquer tipo de vinho tinto. Beber vinho tinto ou suco de uva durante as refeições pode ajudar na defesa contra elementos nocivos encontrados nos alimentos, especialmente, na carne e alimentos gordurosos, mas isso não substitui uma dieta saudável para o coração. A maioria dos médicos e a Associação Americana do Coração recomendam que você restrinja o seu consumo de vinho a uma ou duas taças por dia. Se você não está tomando bebida alcoólica atualmente, não é necessário começar. Quem não toma bebida alcoólica pode conseguir um maior efeito antioxidante tomando suco de uva ou comendo passas.
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